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quinta-feira, 6 de junho de 2019
sexta-feira, 17 de maio de 2019
Restaurando um Irmão Rebelde
Restaurando
um Irmão Rebelde
Vs. 19-20 – O assunto ao
longo de toda esta passagem é em conexão com a restauração de indivíduos que
saíram do caminho. Vimos os anciãos da assembleia orando em relação à
restauração de um crente que esteve doente por causa da mão de castigo de Deus
colocada sobre ele. Também olhamos Elias ilustrando a necessidade de orar em
comunhão com a mente de Deus em conexão com pessoas que se desviaram. Mas
agora, nestes dois últimos versículos do capítulo, temos o exercício de irmãos
para ir atrás de um crente rebelde e trazê-lo de volta.
No caso da pessoa que esteve
doente, Deus usou sua doença para trazê-lo de volta ao Senhor. Ao se voltar
para os anciãos, ele está pedindo ajuda. Assim, o arrependimento está
acontecendo no indivíduo. Mas na situação que estamos prestes a considerar, a
pessoa não está pedindo ajuda. Portanto, o trabalho de arrependimento ainda não
começou em sua alma. Este último caso, portanto, é muito mais difícil. Embora
seja uma tarefa monumental, Tiago coloca a responsabilidade de seus irmãos para
ir e trazê-lo de volta. Como eles podem fazer isso? Para que alguém volte para
o Senhor, deve haver arrependimento – uma mudança de mentalidade e um julgamento
sobre tudo o que foi feito de errado. Portanto, aqueles que procuram restaurar
o irmão rebelde devem ministrar a ele de tal maneira que seu coração e
consciência sejam alcançados.
Além disso, deve-se notar que
aqueles que devem fazer este trabalho restaurativo não são necessariamente os
anciãos da assembleia. Tiago simplesmente diz: “aquele que fizer converter”. Este “aquele” pode ser qualquer irmão ou irmã que tenha um cuidado em
seu coração por essa pessoa rebelde. Somos todos “guardadores do nosso irmão” (Gn 4:9), e todos devemos nos importar
o suficiente para ir atrás dele. Abrão foi atrás de Ló e o trouxe de volta (Gn
14:14-16). O apóstolo Paulo aborda este necessário ministério em Gálatas 6:1: “Irmãos, se algum homem chegar a ser
surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com
espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado”.
Nota: isso não requer um dom especial. A única coisa que é necessária é
espiritualidade e um cuidado genuíno para com a pessoa que errou. Isso nos
levará, não apenas a orar por ela, mas também a ir atrás dela e trazê-la de
volta, se possível.
Tiago procura encorajar-nos
nesta obra, dizendo: “Saiba que aquele
que fizer converter [trouxer de
volta – JND] do erro do seu caminho
um pecador salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados”.
Isso não está escrito para o irmão que erra, mas para aqueles que se importam
com ele. Isso mostra que trabalhar para restaurar almas é um trabalho
gratificante. Deus concede gozo e um senso especial de Sua aprovação àquele que
vai atrás de um irmão ou irmã rebelde. Salvar a pessoa “do erro do seu caminho” refere-se a ele ser impedido, pelo
arrependimento, de ir mais fundo no pecado, e assim sofrer as consequências
governamentais dele. A punição de Deus seguirá um crente em erro – até para
encurtar sua vida na Terra pela “morte”.
Muitos filhos rebeldes de Deus morreram prematuramente sob a mão castigadora de
Deus por causa de sua falta de vontade em julgar o curso do pecado em que
estavam. Eclesiastes adverte: “Não sejas
demasiadamente ímpio, nem sejas louco: por que morrerias fora de teu tempo”
(Ec 7:17).
Aquele que procura restaurar
o irmão que erra pode aprender dos pecados na vida da pessoa, mas “porque o amor cobrirá a multidão de
pecados” (1 Pe 4:8) não espalhará essas coisas perante o mundo e não
jogará mais lama no testemunho Cristão. O amor cobre o que foi julgado e colocado
de lado.
Este trabalho de buscar o
bem-estar e a restauração de outros é outra evidência de uma pessoa ter fé. Se
realmente crermos no Senhor Jesus, amaremos os outros que crerem n’Ele, e se um
desses crentes errar no caminho, o amor em nós procurará restaurá-lo (1 Jo
5:1). O amor divino em um crente buscará levar a pessoa em erro ao
arrependimento, a fim de que julgue a si mesmo e retorne ao Senhor. Se alguém
não é um verdadeiro crente, mas um mero professo, ele não se preocupará com uma
pessoa rebelde, e assim manifesta a evidência de que ele não é verdadeiramente
um crente.
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Em resumo, vimos Tiago
desafiando aqueles que têm fé a exibi-la de várias maneiras nas situações
cotidianas da vida, de modo que seja claro para todos que eles são verdadeiros
crentes no Senhor Jesus Cristo.
Elementos da Oração de Elias no Carmelo
Elementos
da Oração de Elias no Carmelo
- Inteligência – Ele disse: “ruído há duma
abundante chuva” (v. 41). As pessoas se voltaram para o Senhor e, como
resultado, Elias sabia que a vontade de Deus seria abrir os céus e enviar
chuva, porque Deus sempre recompensa a obediência (Dt 11:13-15; 1 Jo 5:14 – “segundo a Sua vontade”).
- Comunhão – “Elias subiu ao cume do
Carmelo” Isso implica proximidade com Deus (v. 42a; Jo 15:7 – “Se vós estiverdes em Mim ...”).
- Humildade – Ele “se inclinou
por terra” (v. 42b).
- Dependência – Ele “meteu o seu rosto entre
os seus joelhos” (vs. 42c).
- Fé - Ele disse: “Suba agora,
olhe para o mar” (v. 43a; Cl 4:2; Ef 6:18 – “vigiando”).
- Perseverança – Ele disse: “Torna lá sete
vezes” (v. 43b; Ef 6:18 – “com toda
a perseverança”).
- Confiança – Ele disse: “Sobe, e dize
a Acabe: Aparelha o teu carro” (v. 44; 1 Jo 3:21-22 – “Temos confiança para com Deus”).
Orações de Elias
Orações
de Elias
Vs. 16b-18 – Tiago passa a
nos dar algumas palavras encorajadoras em conexão com o poder da oração. Ele
diz: “A fervorosa súplica do homem justo
tem muito poder” (JND). Para ilustrar o poder da oração, ele nos dirige a
duas orações de Elias (1 Rs 17-18). A fim de negar qualquer pensamento em
nossas mentes de que esse homem era algum super-crente cuja vida de oração
nunca poderíamos igualar, Tiago nos lembra de que ele era um homem “sujeito à mesmas paixões que nós”.
Elias teve seus fracassos, mas Deus ainda respondeu suas orações de maneira
notável. Elas foram respondidas de acordo com a bondade do coração de Deus, não
de acordo com a fidelidade de Elias. Isso deve nos encorajar a orar.
Em conexão com a primeira
oração de Elias – “que não chovesse”
– não devemos olhar para ela por suas qualidades imprecatórias, mas por seu exemplo de orar de
maneira inteligente e conforme a mente de Deus. Ele sabia, pelas Escrituras,
que se o povo se afastasse de Deus, Ele os castigaria com a retenção da chuva
(Lv 26:1-20; Dt 11:17). Como o reino do norte de Israel (as dez tribos) se
afastou de Jeová e adotou a adoração de baal como religião, Elias soube o que
estava por vir e orou em sintonia com os caminhos de Deus no assunto. Não cabe
a nós, nessa economia Cristã, orar contra as pessoas de maneira imprecatória – isto é,
invocar maldições e julgamentos sobre elas. Elias não é um exemplo para nós
nisso.
A segunda oração de Elias no
Monte Carmelo está registrada em 1 Reis 18:41-45. É em conexão com a
restauração da nação de Israel que se afastou de Jeová e sua consequente
bênção. Três anos e meio depois da primeira oração, Elias “orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto”
(v. 18). Isso é algo que certamente queremos imitar em nossas orações. Devemos
desejar o bem e a bênção de todos os homens, e devemos orar para esse fim. Foi
isso que Elias fez.
Tiago não menciona a
seriedade com que Elias orou naquela ocasião. Mas, voltando-se para o relato de
1 Reis 18, vemos muitos elementos significativos de oração fervorosa por esse
homem justo – todos os quais precisamos ter em nossas orações.
Doença por Causa de Pecado
Doença
por Causa de Pecado
O Sr. Darby escreveu: “Eu não
duvido que uma grande parte das enfermidades e provações dos Cristãos sejam
castigos enviados por Deus por causa de coisas que são más aos Seus olhos, e que
a consciência deveria ter prestado atenção, mas que negligenciava. Deus foi
forçado a produzir em nós o efeito que o julgamento próprio deveria ter
produzido diante d’Ele (“The World or
Christ, pág. 10”).
Se a doença da pessoa é o
resultado do tratamento de Deus com ele devido a pecados específicos em sua
vida, e ele se arrepende, Tiago diz que seus pecados “serão perdoados”. Ele afirma isso como uma promessa. Este é um
exemplo de onde o perdão governamental e o perdão administrativo se unem. O
perdão governamental tem a ver com Deus vendo arrependimento em um dos Seus
filhos errantes e levantando a disciplina (castigo) que Ele pode ter colocado
sobre ele. Segue-se o perdão restaurativo, que tem a ver com a pessoa errante
sendo restaurada em sua alma à comunhão com Deus por meio da confissão de seus
pecados (1 Jo 1:9). O perdão administrativo tem a ver com os anciãos (agindo em
conjunto com a assembleia) administrando o perdão a um crente arrependido (Jo
20:23). Pode também estar relacionado com a restauração de uma pessoa à
comunhão dos santos, se ela tivesse sido excluída da mesa do Senhor (2 Co
2:10).
Vale ressaltar que há duas
palavras diferentes usadas aqui na língua original que são traduzidas como “doentes”. A primeira ocorrência (v.
14) tem a ver com a doença no corpo,
mas a segunda ocorrência tem a ver com angústia e opressão da mente (v. 15). O segundo uso da palavra
só é usado em outro lugar na Escritura, onde diz: “para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos [mentes – JND]” (Hb 12:3). Isso indica um sofrimento mental. Nosso ponto em
mencionar isso é que seja a dificuldade física ou mental, o Senhor pode usar a
oração de fé dos anciãos para levantar o doente.
Essa passagem mostra que
doenças físicas ou aflições mentais podem estar ligadas ao baixo estado
espiritual de uma pessoa. Como observado, o contexto dessa passagem em Tiago
tem a ver com curar a doença devido ao pecado na vida de alguém. No entanto, o
fato de que diz: “Se houver cometido
pecados ...” mostra que nem toda
doença é um resultado da provação governamental de Deus por causa de um curso
de pecado na vida de uma pessoa. A esse respeito, o Sr. Darby escreveu: “Seria,
no entanto, incorreto supor que todas as aflições são tais (pecados). Embora
sejam assim às vezes, nem sempre são enviadas por causa do pecado”. Assim, os
anciãos podem ser chamados a orar por uma pessoa quando não há nenhum pecado
específico envolvido. No entanto, de 1 João 5:16, aprendemos que os anciãos
precisam ter discernimento espiritual sobre se devem orar pelo indivíduo dessa
maneira. Ele diz: “Há pecado para morte,
e por esse não digo que ore”. Isso significa que, em alguns casos, se os
presbíteros discernirem que se trata de uma doença “para morte”, talvez não se sintam à vontade para orar por cura.
Além disso, deve ser
salientado que o doente deve “chamar”
os anciãos. Os anciãos não devem interferir com o que Deus está fazendo na vida
de uma pessoa e se oferecer voluntariamente para vir orar por eles. Deus
honrará a fé do enfermo ao chamar os anciãos, mesmo que o chamado seja débil.
V. 16a – Tiago prossegue,
mostrando que é possível que a cura, para a qual os anciãos foram chamados a orar,
seja impedida. Se a pessoa tem ofensas pendentes contra os outros que ele não
tenha resolvido, ou ele guarda rancor contra alguém, ou ele não perdoa uma pessoa
por algum motivo, ele precisará abordar essas coisas primeiro (Mt 5:23-24; Mc
11:24-26). Tiago diz: “Confessai,
portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para
serdes curados” (AIBB). O uso das palavras “portanto” e “para” mostra
que acertar essas coisas está ligado ao processo de cura. Assim, a confissão a
que Tiago se refere aqui é aquela que a pessoa que deseja ser curada precisa
fazer a quem ela ofendeu, de modo que não haja nada de sua parte que pudesse
impedir o processo de cura.
No Cristianismo, deve haver
uma abertura e transparência entre os irmãos. Se ofendermos alguém – e “em muitas coisas [frequentemente – JND]” o
fazemos (cap. 3:2) – devemos querer consertar nossa ofensa com aquele a quem
ofendemos. E assim, Deus ficaria feliz em responder nossas orações sobre a
nossa cura física. Tiago não está encorajando os santos a revelar
aleatoriamente seus pecados uns aos outros que eles cometeram antes de serem
salvos – que foram julgados e lavados no sangue de Cristo. Este seria um
exercício inútil e, em muitos casos, bastante contaminador. A confissão que Tiago
está se referindo aqui é sobre uma ofensa de que a pessoa em busca de cura possa
ser culpada, e talvez tenha causado uma ruptura na comunhão entre irmãos. Seu
ponto é que não podemos esperar ser curados de uma doença física, fazendo com
que os anciãos orem por nós, se tivermos algum assunto que não esteja resolvido
com um irmão ou uma irmã.
A Oração dos Anciãos
A Oração
dos Anciãos
Vs. 14-15 – Sob o antigo
pacto, Deus foi fiel a tudo o que Ele prometeu. Mesmo quando eles se afastaram
d’Ele, e Ele teve que castigá-los, Ele Se lembrou deles em misericórdia (Hc
3:2) e deu-lhes manifestações de Seu poder de cura quando alguns estavam
doentes. Os estranhos acontecimentos que ocorreram no “tanque de Betesda” são um exemplo disso (Jo 5:1-5). Um anjo descia
em certos momentos e agitava as águas do tanque e a pessoa que entrasse nele
primeiro, era curada. Como esses atos de misericórdia eram intermitentes, uma
pessoa teria que esperar bastante tempo para que tal ato de Deus acontecesse –
e a bênção que era dispensada sempre se baseava em uma pessoa ter que fazer alguma coisa para obtê-la (Gl
3:12).
Agora que esses judeus
convertidos estavam reunidos em terreno Cristão e estavam na assembleia onde
estava “o nome do Senhor”, eles
tinham um recurso para casos de doença que era superior ao que tinham conhecido
no judaísmo. Um doente poderia chamar “os
presbíteros da assembleia” (JND) para que “orem sobre ele”. Eles o ungiriam “com óleo”
em nome do Senhor Jesus, e “oração da fé”
deles curaria “o doente”. Isso não
era uma coisa intermitente, como era o caso do tanque de Betesda, mas algo que
podia ser feito a qualquer momento. Ao chamar os presbíteros “da assembleia”, a pessoa manifestava
fé no fato de que agora havia um novo lugar onde repousava a autoridade do
Senhor – na assembleia de santos reunidos em Seu nome (Mt 18:19-20 1 Co 5:4).
Tiago diz: “O Senhor o levantará”. Nota: o poder
de cura não está nos anciãos, embora alguns indivíduos naquele dia possam ter
recebido o dom de curar (1 Co 12:9). Nem é o poder no “óleo” que os anciãos usam. Não é uma questão de quanta fé os
anciãos têm ou quanta fé a pessoa doente tem, mas ter fé simples no Senhor
Jesus em relação a esse poderoso ato de cura. É “o Senhor” Quem o levanta. Todo o crédito e louvor, portanto, devem
ir para Ele.
Alguns pensaram que esse
procedimento (de ungir uma pessoa doente com óleo) era uma provisão judaica
especial para aquele dia em que as coisas estavam em transição do judaísmo para
o Cristianismo, e, portanto, não é algo para os Cristãos hoje em dia. Isso é
deduzido do fato de que os apóstolos usaram o óleo da unção em seu ministério
terreno, que era um ministério que tinha a ver com o reino sendo estabelecido
na Terra (Mc 6:13). Portanto, uma vez que somos cidadãos celestiais no Cristianismo
(Fp 3:20), eles concluem que não devemos empregar tais rituais nesta economia. No
entanto, existem coisas exteriores que são usadas nas ordenanças Cristãs; o pão
e o vinho são usados no partir do pão, a água literal é usada no batismo e as
coberturas da cabeça são usadas pelas irmãs. Estas são coisas exteriores que
são usadas literalmente no Cristianismo hoje. Portanto, não há razão para
pensar que o uso literal do óleo nesses casos seja algo que não deveria ser
praticado no Cristianismo. H. A. Ironside menciona em seu livro sobre a
epístola de Tiago que o Sr. Darby e o Sr. Bellett agiram nesses versículos em
muitos lugares em Dublin, e houve muitas curas notáveis que resultaram disso. O
Sr. J. B. Dunlop relata que ele pessoalmente pediu aos anciãos para orarem
sobre ele em quatro ocasiões diferentes, e ele foi levantado cada uma das vezes.
FÉ PROVADA PELO NOSSO CUIDADO PARA COM O DOENTE (Física e Espiritualmente)
Fé
Provada pelo Nosso Cuidado para com o Doente (Física e Espiritualmente)
Capítulo
5: 14-20
Vs. 14-18 – Na velha economia
mosaica, se uma pessoa andava em retidão com Deus, lhe era prometida a
misericórdia de Deus em sua vida cotidiana. Uma dessas misericórdias era ter
boa saúde. Uma pessoa fiel e obediente poderia contar com sua preservação da
doença (Êx 15:26; Dt 7:15). No entanto, no Cristianismo, isso não é
necessariamente o caso, embora haja um cuidado especial de preservação para “os que creem” (TB), acima do cuidado
que Deus tem para com todos os homens (1 Tm 4:10 – TB). Ser um crente no Senhor
Jesus Cristo não significa que estamos isentos de ficar doentes. Por exemplo, o
apóstolo Paulo andava com Deus, mas tinha “fraquezas”
em seu corpo (2 Co 12:7-10). Nesta economia atual, Deus usa coisas como doenças
no caminho de fé para nos ensinar lições valiosas e formar nosso caráter Cristão.
É, portanto, um erro pensar
que o chamado do evangelho inclui uma promessa de riqueza e libertação da
doença. Aqueles que pregam esse falso “evangelho da prosperidade” estão
misturando princípios judaicos com o Cristianismo. Tal mensagem joga com a
natureza ambiciosa de homens e mulheres caídos e os atrai para a profissão Cristã
por segundas intenções – para obter saúde e riqueza. Em muitos casos, não houve
um verdadeiro trabalho de fé em suas almas. A escritura indica que Deus pode
permitir que a doença apareça em nosso caminho como um meio de nos corrigir, se
necessário. Ou Ele pode permitir doenças em nossas vidas, mesmo quando estamos
andando em retidão. Seja qual for o caso, se a doença nos toca, precisamos
entender que tudo o que acontece em nossas vidas é permitido pelo Senhor para
nosso bem e bênção. Não devemos ver uma doença vindo sobre nós como um
acidente, mas ver a mão do Senhor nela. Este princípio foi mencionado no
primeiro capítulo.
3) Fazendo Juramentos
3) Fazendo
Juramentos (vs. 12-13).
Outra coisa que podemos ser
tentados a fazer quando se aproveitam de nós é jurar que nos vingaremos. Tiago
antecipa isso e diz: “Mas, sobretudo,
meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela Terra nem façais qualquer outro
juramento” (v. 12). Nessas situações, podemos estar inclinados a pedir a
Deus que julgue aqueles que nos ofenderam. Mas, como Cristãos, não somos fazer
orações imprecatórias, isto é, invocar maldições e julgamentos sobre pessoas. O Senhor é o
nosso exemplo nisso: “Quando padecia,
não ameaçava” (1 Pe 2:23).
Nossa posição é esperar que o
Senhor aja nesses assuntos. Julgamento é uma obra d’Ele, não nossa. Ele pode
até corrigir algumas coisas antes do dia em que as coisas serão acertadas. Ele
poderia muito bem fazer com que alguns corrigissem os erros que fizeram a nós –
é Sua prerrogativa. Fazer juramentos e votos era prática comum na velha
economia mosaica (Nm 30; Ec 5:4-6), mas invocar o nome de Deus, ou céu, ou Terra,
no calor da paixão por razões retaliatórias contra o nosso os inimigos não é a
maneira Cristã de lidar com os erros. Devemos simplesmente colocar o nosso “sim, sim” e nosso “não, não” em todas as nossas interações com os homens. Isto é,
nossa palavra ao dizer “sim” ou “não” deve ser suficiente para que os
homens confiem em nós, porque nosso caráter Cristão é tal que fazemos o que
dizemos que vamos fazer, e não há necessidade de que reforcemos nossa palavra
com juramentos.
Em vez de olhar para o céu e fazermos
um juramento, Tiago nos diz que devemos olhar para o céu e “orar”. Ele diz: “Está alguém
entre vocês aflito? Ore” (v. 13). Este é o verdadeiro recurso do Cristão
que foi tratado injustamente. Mais uma vez, o Senhor Jesus é o nosso exemplo.
Quando Ele foi maltratado, Ele “entregava-Se
àqu’Ele que julga justamente” (1 Pedro 2:23).
Tiago conclui esse assunto
dizendo: “Está alguém contente? Cante
louvores”. Ao dizer isso, ele antecipou a fé dos santos subindo ao ponto em
que eles receberiam essas coisas como vindas do Senhor em o espírito de louvor
e ação de graças. Muitos santos perseguidos fizeram exatamente isso: eles se
levantaram acima dos males contra eles de maneira tão significativa que
realmente foram à morte cantando louvores ao Senhor! (At 5:41, 16:25, 10:34)
Esta é a prova derradeira da realidade da fé de uma pessoa.
O grande ponto a ser notado
em tudo isto é que Deus não é indiferente às injustiças do Seu povo. Ele lidará
com tudo isso em Seu devido tempo. Enquanto isso, não devemos tomar o assunto em
nossas próprias mãos e nos vingar. Devemos deixar isto ao Senhor: “Minha é a vingança, Eu retribuirei”
(Rm 12:19 – TB). Até esse momento, a resposta para nós é “sofre as aflições [suporta
os males – JND]” em um espírito
de longânime paciência (2 Tm 4:5). Isso manifesta a fé verdadeira que crê que o
Senhor ajustará tudo corretamente em Seu tempo. Também praticamente manifesta o
fato de que não estamos vivendo para este mundo, mas para outro mundo onde
Cristo é o centro.
2) Reclamar
2)
Reclamar (v. 9-11).
Outra tendência é “reclamar” sobre a situação. No entanto, reclamar manifesta
um mau espírito; muitas vezes surge de não nos submeter ao que Deus permitiu em
nossas vidas. Tiago, portanto, diz: “Irmãos,
não vos queixeis uns contra os outros”. Ele também adverte que, se isso se
tornar um problema crônico, Deus, nosso Pai, pode ter que lidar conosco de
maneira governamental para corrigir nossa má atitude. Ele nos lembra de que “o Juiz está à porta”. Isto é, Deus
nosso Pai está pronto para agir como um Juiz em nossas vidas, se necessário (1
Pe 1:17). A versão King James, a Almeida Corrigida e a Fiel dizem “condenado” e “condenação” (vs. 9, 12), mas deve ser traduzido “julgado” e “julgamento”. (Essa tradução incorreta também ocorre em João
3:18-19). A condenação é uma coisa irrevogável e final da qual uma pessoa não
pode ser livrada. Todos no mundo que não são salvos estão atualmente “sob
julgamento de Deus”, mas ainda não são condenados (Rm 3:19; Jo 3:36). O
julgamento de Deus é algo do qual uma pessoa pode ser libertada, se vier a
Cristo e ser salva (João 5:24). Ao fazê-lo, ela não apenas é liberta do julgamento,
mas também é colocada em posição diante de Deus “em Cristo”, onde não pode entrar em “condenação” (Rm 8:1). Se, no entanto, os homens não crerem, seu “julgamento” será “condenação” (Rm 5:16).
Como um exemplo de como
devemos nos comportar nessas situações difíceis, Tiago aponta para os profetas
nos tempos antigos. Eles “sofreram”
com “paciência”. Todos os que
seguiram após eles no caminho de fé foram tidos como “abençoados” porque eles “suportaram”
(AIBB) o sofrimento pacientemente (v. 11). Nós os respeitamos e honramos por
suas vidas de zelo e devoção. Um dos patriarcas em particular (“Jó”) é colocado
diante de nós como um exemplo da “paciência
[perseverança – JND] que
precisamos ter em nosso sofrimento. “O
fim que o Senhor lhe deu” refere-se ao fim que o Senhor tinha em vista para
Jó em sua provação. Ele era um homem bom que foi feito melhor, e assim “E assim abençoou o Senhor o último estado
de Jó, mais do que o primeiro” (Jó 42:12). Ele encontrou algo muito bom de
fato ao suportar a provação.
1) Retaliação
1)
Retaliação (v. 7-8).
A primeira coisa que Tiago
aborda é a tendência de querer retaliar – se vingar. No entanto, ele não
apresenta isso como resposta para seus irmãos sofredores. Em vez disso, ele
diz: “Sede pois irmãos, pacientes até a
vinda do Senhor” (v. 7). Esta é uma referência à Aparição de Cristo. (A
verdade do Arrebatamento foi uma revelação exclusiva dada ao apóstolo Paulo
para trazer aos santos; é improvável que fosse conhecido na época em que esta
epístola foi escrita.)
Em resposta a essas
injustiças, Tiago não diz: “Forme um sindicato, irmãos. Defenda seus direitos
neste mundo e lute contra essas coisas”. Não, eles não deveriam lutar contra
essas injustiças, mas esperar pacientemente pelo Senhor vir. Apenas como um
lavrador (um fazendeiro), depois de semear a terra, deve esperar que “a chuva temporã e serôdia [as primeiras e as últimas chuvas – TB]” cheguem antes de colher a lavoura,
assim também esses irmãos que sofrem devem esperar pacientemente pela “vinda do
Senhor” (v. 8). Eles precisavam mostrar sua fé tendo paciência e perseverança
diante dessas injustiças de seus falsos irmãos (os judeus incrédulos). Isso é
enfatizado pela palavra “paciência”
sendo usada cinco vezes nesses poucos versículos. O apóstolo Pedro menciona
isso dizendo: “mas se sofreis com
paciência, quando fazeis o bem e por isso padeceis, isto é agradável a Deus”
(1 Pe 2:20 – TB).
O ponto que Tiago está
fazendo aqui é que os males deste mundo não serão corrigidos até que o Senhor
apareça e tome as rédeas do governo em Suas mãos (Ap 11:15). Os Cristãos devem “ser pacientes” e esperar até lá.
Assumir os erros da sociedade hoje em dia e tentar corrigi-los é agir no
assunto antes que o Senhor o faça. Há um “tempo
da correção [de reforma – ARA]” vindo para este mundo (Hb 9:10);
começará quando o Senhor intervier em juízo. Então a justiça reinará (Is 32:1).
Se vivermos qualquer período
de tempo neste mundo, inevitavelmente encontraremos algo sendo feito a nós injustamente
– no local de trabalho ou na vida privada. A luta entre capitalistas e a classe
trabalhadora ainda existe hoje. O que os Cristãos devem fazer sobre as lutas empresariais
e outras coisas injustas que ocorrem na sociedade? Eles não devem se juntar às
confederações de homens que foram criadas para combater essas injustiças – por
mais bem-intencionadas que sejam – mas simplesmente ser “pacientes até vinda do Senhor”. Haverá um tempo de corrigir os
erros da sociedade quando o Senhor justamente julgar este mundo por mil anos
(At 17:31). A Escritura não ensina que os Cristãos devem se envolver em resolver
as coisas agora porque não somos deste mundo (Jo 18:36). Se sentirmos que fomos
aproveitados, a Palavra de Deus diz: “Não
vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito:
Minha é a vingança; Eu recompensarei, diz o Senhor” (Rm 12:19). Enquanto
esperamos, devemos nos encomendar àque’Ele que julga retamente em todas essas
coisas.
Essas situações são outra
área da vida em que podemos manifestar a realidade de nossa fé. Já que somos
objetos da graça de Deus, e recebedores de muitas bênçãos e privilégios
espirituais, podemos nos dar ao luxo de mostrar graça aos outros – mesmo que
eles nos tenham maltratado (Lc 6:28). Pode ser que tal atitude seja usada para
converter alguns a Cristo (Rm 12:20-21; Pv 25:21-22).
Os Perigos de Reagir Injustamente às Injustiças Feitas Contra Nós
Os
Perigos de Reagir Injustamente às Injustiças Feitas Contra Nós
Vs. 7-13 – Tendo advertido os
incrédulos homens ricos nesta mistura de professos convertidos, Tiago retorna
para se dirigir àqueles que são verdadeiros crentes, chamando-os de “irmãos”.
Essas pessoas pobres estavam
sendo aproveitadas – especialmente no local de trabalho. A questão é: o que
eles deveriam fazer sobre essas injustiças? Uma vez que existe uma
possibilidade real de deixar que essas coisas, pelas quais fomos injustiçados,
nos incomodar a ponto de entrarmos em um mau estado de alma, Tiago antecipa três respostas carnais que uma pessoa
poderia compreensivelmente ter nessas situações, e exorta sua audiência de
acordo.
Quatro Pecados Notáveis dos Ricos
Quatro
Pecados Notáveis dos Ricos
Vs. 2-6 – Ele os acusou de quatro coisas específicas:
- Acumular tesouros – vs. 2-3.
- Tratar seus funcionários com fraudes – v. 4
- Indulgência própria – v. 5
- Perseguir seus irmãos (os justos) – v. 6
O que estava no fundo de sua concupiscência
desenfreada para obter riqueza e poder era o pecado de cobiça. Isso os
impulsionou em suas más práticas. Era especialmente triste que essas más
práticas fossem feitas à custa daqueles com quem professavam fé mútua – seus
próprios irmãos! Por isso, a mais forte repreensão da epístola é dada a esses
falsos professos.
Vs. 2-3 – Mesmo que o pecado de ajuntar tesouro seja condenado
na Escritura (Ec 5:10-13; Sl 39:6; Pv 23:4-5), esses judeus ricos, que estariam
familiarizados com aquelas Escrituras, “entesouraram
para os últimos dias”. Tiago adverte que o julgamento de Deus era contra
essa prática. Para enfatizar a brevidade das posses materiais, ele diz a eles
que suas “vestes estão roídas pelas
traças” (TB) e que “O vosso ouro e a
vossa prata se enferrujaram”. Seus tesouros seriam corrompidos e se
tornariam inúteis. O ponto aqui é que as riquezas podem ser acumuladas até o
ponto de se tornarem estragadas e inúteis. Em uma nota muito prática, isso nos
mostra que não é a vontade de Deus que as pessoas guardem roupas em seus
guarda-roupas e estoquem pilhas de dinheiros nos bancos.
A Bíblia não diz que é um
pecado ser rico, mas ensina que acumular riquezas é pecado. São as riquezas não
consagradas que Tiago está repreendendo aqui. Na linguagem mais clara, o Senhor
Jesus ensinou: “Não ajunteis tesouros na
Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e
roubam” (Mt 6:19).
A coisa triste sobre a
riqueza que estes judeus adquiriram era que tinha sido obtida por meios
injustos. Tiago garante que eles seriam recompensados de acordo. Eles teriam
os olhos abertos para ver o fim da sua riqueza: “sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa
carne”. Esta é uma linguagem figurativa que indica que esses homens ricos
teriam grande remorso pela perda de suas posses – sem mencionar a perda de suas
almas (Mc 8:36). A lição aqui é que é tolice acumular as posses – seja comida,
roupas ou dinheiro. Esses ricos reuniram tesouros para “os últimos dias”, mas não viveriam até os últimos dias para
aproveitá-los, porque os romanos invadiriam e destruiriam a Terra.
V. 4 – O segundo grande
pecado que estes ricos judeus eram culpados era de estar traindo seus trabalhadores
por práticas fraudulentas. “o salário dos trabalhadores que ceifaram”
em seus campos “foi retido com fraude”
(ARA). Isso não foi um descuido de sua parte, mas uma ação deliberada de reter
o salário de seus trabalhadores agrícolas pobres. O que tornou isso tão triste
foi que muitos deles eram seus próprios irmãos, os quais professavam mutuamente
fé no Senhor Jesus! Isto não foi apenas uma violação da Lei de Moisés (Lv
19:13; Dt 24:14-15), mas foi contrário aos ensinamentos do Senhor Jesus (Lc
6:31, 36). Também foi contrário ao ensinamento do apóstolo Paulo (Cl 4:1). É
claro que sua profissão de fé não era verdadeira.
Tiago falou a esses homens
ricos que Deus havia visto suas más práticas e que Ele ouvira os clamores de
Seu povo sofredor. “os clamores dos que
ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos”. Podemos ser
tentados a pensar que o Senhor é indiferente às injustiças que são feitas
contra nós, mas não é verdade. Só porque Ele não age segundo o nosso calendário
não significa que Ele não Se importa. O apóstolo Pedro lembra a todos os que
podem ser tentados a pensar tais coisas: “Ele
tem cuidado de vós” (1 Pe 5:7). O Senhor está profundamente interessado em
tudo o que toca o Seu povo (Êx 2:23-24; Zc 2:8). O ponto em mencionar “o Senhor dos Exércitos” aqui é destacar
o fato de que aqu’Ele que comanda os exércitos do céu é forte na causa de Seu
povo sofredor que é injustamente menosprezado. Os tratamentos governamentais de
Deus com todos os que acumulam riquezas oprimindo seus empregados encontrarão
sua justa retribuição.
V. 5 – O terceiro pecado
desses homens ricos era de indulgência
própria. Eles viviam de prazer e extravagância. Tiago diz: “Deliciosamente, vivestes sobre a Terra, e
vos deleitastes”. Esse estilo de vida pode levar à insensibilidade às
necessidades dos outros. Esses injustos a açambarcadores[1] colocavam
o seu “eu” no centro de suas vidas, enquanto aqueles de quem se aproveitavam estavam
em necessidade. Eles se “cevavam” a
si mesmos “como num dia de matança”.
Esta é uma imagem tirada de soldados avidamente saqueando os espólios de seus
inimigos conquistados em uma disputa pela riqueza.
V. 6 – O quarto mal destes
homens ricos foi a perseguição dos justos.
Eles “condenaram e mataram o justo” cada
um dos seguidores de Cristo. Ao fazer isso, eles estavam manifestando o mesmo
caráter de incredulidade e iniquidade que tinham os judeus incrédulos que
mataram a Cristo – “o Santo e Justo”
(At 3:14). A matança dos justos aqui se refere à matança “judicial”. Isto é,
esses homens ricos e iníquos conseguiriam que o sistema judicial executasse (falsamente)
juízos sobre esses crentes justos. Isso é visto no fato de que sua condenação é
mencionada antes de serem mortos. Essas pessoas pobres foram levadas a um
tribunal e acusadas injustamente por esses homens inescrupulosos e iníquos
(cap. 2:6). Não tendo meios de se defender, eles foram executados sob o sistema
judicial. “Ele não vos resistiu”
aparentemente se refere a essas pobres pessoas acusadas sem poder para resistir
à injustiça.
Essas coisas nos mostram o
que a cobiça pode nos levar a fazer. O que começou como uma ênfase indevida na
acumulação de riqueza, terminou com a morte daqueles que estavam no caminho para
atingir esse objetivo! Isso deveria ser um aviso severo para os Cristãos não se
deixarem levar pela acumulação de riqueza. As riquezas não consagradas
destruirão seus donos.
[1] N. do T.: o que adquire o
controle sobre algo ou que chama algo a si, privando outros da respectiva
vantagem.
FÉ PROVADA POR COMO MANEJAMOS INJUSTIÇAS
Fé
Provada por Como Manejamos Injustiças
Capítulo
5:1-13
V. 1 – As coisas que estão
diante de nós na primeira parte deste capítulo mostram claramente que alguns
entre os professos convertidos ao Cristianismo definitivamente não eram salvos.
A maneira como Tiago se dirige a esses “ricos”
mostra que ele não os considerou crentes de forma alguma. Ele nem mesmo os
chama de “irmãos” – que é como ele se
dirigiu sua audiência até este ponto da epístola (cap. 1:2, 9, 16, 19, 2:1, 14,
3:1, etc.).
Tiago adverte esses falsos
professores da certeza do julgamento vindouro. Ele diz a eles: “chorai, dando urros” (TB) porque suas “misérias” estavam prestes a vir sobre
eles a qualquer momento, e eles perderiam tudo. O julgamento seria administrado
contra eles por causa de sua falta de fé para com Deus e seu maltrato aos
judeus crentes. Isso aconteceu na destruição de Jerusalém em 70 d.C.
Historiadores nos dizem que a maioria dos Cristãos deixou a cidade de Jerusalém
e a área circunvizinha antes que os exércitos romanos descessem sobre ela. Eles
deram ouvidos ao aviso dado pelo Senhor em Lucas 21:20-24. Os judeus incrédulos
não deram ouvidos à advertência e foram levados pelos romanos, e subsequentemente
caíram sob esse julgamento. Tão certo era esse julgamento que Tiago diz a esses
ricos para começarem a chorar agora.
Evidências do Julgamento Próprio e Restauração à Comunhão com Deus
Evidências
do Julgamento Próprio e Restauração à Comunhão com Deus
Vs. 11-17 – Tiago aborda mais
dois males no final do capítulo que parecem estar ligados ao assunto anterior.
Ao trazer essas coisas aqui, o Espírito de Deus está nos mostrando que o
arrependimento de uma pessoa deve evidenciar o fato de que ela realmente julgou
a si mesma em conexão à carne e ao mundo. O primeiro é um espírito crítico (vs.
11-12), e o segundo é um espírito independente (vs. 13-17). Na raiz dessas
coisas carnais e mundanas está na importância
própria e a confiança própria. Uma
delas tinha a ver com a sua atitude em relação à Lei de Deus e a outra tinha a
ver com a sua atitude em relação à vontade de Deus.
Vs. 11-12 – Estes conversos
professos estavam lutando e devorando uns aos outros (vs. 1-2); eles
dificilmente se comportavam como Cristãos. Tiago prossegue para avisá-los sobre
os efeitos negativos de falar “mal [contra – JND] uns dos outros”. (A palavra “mal”
na versão King James e nas em português neste versículo deve ser traduzida “contra”. Ele não está falando de ter
que lidar com o mal em um irmão ou uma irmã, mas sim de ter um espírito
crítico.)
Ele expõe esse pecado nos
mostrando que colocar os outros abaixo é realmente uma tentativa indireta de
nos exaltar. A seriedade de ter um espírito crítico e censurador é que ele não
apenas destrói a unidade que deveria existir entre os irmãos Cristãos, mas está
realmente julgando a Lei. Isso ocorre porque a Lei nos ordena a fazer o oposto –
amar nosso irmão – que é a lei real mencionada no capítulo 2. Portanto, a
pessoa que critica seu irmão se propõe a ser superior à Lei, em vez de se
sujeitar a ela. A Escritura ensina que a única Pessoa que tem um lugar superior
à Lei é o próprio Senhor – o “Legislador”
(Is 33:22). Portanto, ao julgar seu irmão alguém está realmente se colocando no
lugar do Senhor! Isso mostra a seriedade de julgar nosso irmão. A pessoa que
julgou seu espírito carnal e mundano deixará de falar contra seu irmão. É outra
evidência de que sua fé é real.
Vs. 13-17 – A segunda coisa
que indicaria que uma pessoa realmente julgou seu mundanismo é deixar de viver
na independência de Deus. As observações finais de Tiago no capítulo 4 são uma
repreensão do espírito de confiança própria e independente que prevaleceu entre
esses professos convertidos do judaísmo.
Essas pessoas professavam
conhecer o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador, mas a maneira como viviam
traiu essa profissão que fizeram. Eles estavam fazendo seus planos como uma
pessoa do mundo que não conhecia o Senhor – sem referência a Deus. Como
exemplo, Tiago diz: “Hoje, ou amanhã,
iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos;
Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã” (vs. 13-14). Uma vez que
nem eles, nem nós, sabemos o que o dia nos reserva, fazer tal ostentação é pura
loucura. Toda essa linguagem indica arrogância e confiança própria, e é o resumo
do espírito do mundo. Como mencionado, é na verdade planejar nossas vidas deixando
o Senhor de fora. Salomão repreendeu este espírito mundano quando disse: “Não presumas do dia de amanhã, porque não
sabes o que produzirá o dia” (Pv 27:1). O Egito é um tipo desse aspecto do
mundo; significa o mundo em sua independência de Deus. Os egípcios não
esperavam que Deus mandasse chuva para as colheitas, como os israelitas faziam
(Tg 5:7); eles irrigavam suas terras para que não precisassem depender de Deus (Dt
11:10).
Eles podem ter pensado que
uma pessoa deve envolver o Senhor em sua vida quando se trata de coisas
espirituais, mas em coisas seculares não é necessário incomodar o Senhor com
trivialidades terrenas. No entanto, esse raciocínio revela uma falta de entendimento.
Muito pelo contrário, o Senhor está interessado nas decisões cotidianas da vida
de um crente. Ele quer nos ajudar a tomar decisões corretas no temor de Deus,
para que possamos ser preservados das muitas armadilhas da vida e, assim, fazer
parte de todos os aspectos de nossas vidas.
Ao repreender esse espírito
independente, Tiago faz referência à brevidade da vida na Terra. Se vivemos
nossas vidas somente por coisas temporais, sem que o Senhor seja parte disso,
nossa vida será apenas “um vapor”
(v. 14). Um vapor não é apenas algo que só dura “por um pouco” de tempo, mas também é algo que não tem substância.
Por isso, o ponto de Tiago aqui é que uma vida vivida sem referência ao Senhor
é uma vida vazia. É uma lástima porque a vida é tão curta e o tempo perdido não
pode ser recuperado.
Ele não está dizendo que um Cristão
não deve fazer planos na vida. O apóstolo Paulo certamente fez, mas acrescentou
aos seus planos as palavras: “Se o
Senhor permitir” (1 Co 16:5-8; Rm 10:1). Isso mostra que ele submeteu seus
planos ao Senhor. Como Cristãos, não somos “do”
mundo, mas estamos “no” mundo e,
portanto, não podemos deixar de ter interações com pessoas mundanas nele (Jo
17:14-16). Como vivemos no mundo, nossos negócios e responsabilidades terrenas
devem ser realizados em humilde dependência do Senhor. Tiago, portanto, sugere
que eles digam: “Se o Senhor quiser, e
se vivermos, faremos isto ou aquilo”. Isso traz o Senhor em cada situação
de uma maneira prática. Esse tipo de dependência humilde manifestará a realidade
da fé de uma pessoa.
V. 17 – Ele encerra este
assunto com a seguinte declaração: “Aquele
pois que sabe fazer o bem e o não faz, comete pecado” Ele não diz que fazer
o mal é pecado, mas não fazer o bem é pecado. Isso mostra que o pecado não é
apenas fazer aquilo que é errado, também é não
fazer aquilo que sabemos ser o correto. Podemos chamar isso de “os pecados de omissão”. Assim, com o
conhecimento vem a responsabilidade. Isso não significa que devemos fechar
nossos olhos à luz e ao conhecimento (verdade), mas que devemos buscar a graça
de Deus para fazer o que sabemos ser o correto. O ponto aqui é que a
oportunidade de “fazer o bem” nos
torna responsáveis por fazê-lo.
O Necessário Estado de Alma para Enfrentar os Três Inimigos do Cristão
O Necessário
Estado de Alma para Enfrentar os Três Inimigos do Cristão
Vs. 8b-10 – A linguagem que
Tiago usa nos próximos versículos nos mostra que ele estava se dirigindo a uma
ampla esfera de indivíduos – incluindo aqueles que eram meros crentes
professos. Era verdadeiramente uma multidão mista. A atividade desses três
inimigos de Deus e do homem, se deixados sem controle na vida de um crente, o
levará longe de Deus, moral e espiritualmente. Ele não perderia a salvação
eterna de sua alma, mas seu desfrute de comunhão com o Senhor seria perdido.
Sua vida pode ficar tão carnal e mundana que pode ser difícil saber se ele é
verdadeiramente salvo. Para o mero crente professo, esses inimigos trabalharão
para evitar que ele seja salvo (Ef 2:1-3).
Se esses inimigos devem ser vencidos,
a pessoa precisa ser encontrada em um
estado adequado de alma. Tiago, portanto, diz: “Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os
corações”. Este é um chamado ao arrependimento. Isso mostra que aqueles a
quem ele estava escrevendo estavam em um estado pobre no geral. Os versos 1-3
confirmam isso. Para aqueles que eram crentes, o arrependimento os levaria a
uma restauração de alma e de comunhão com Deus (1 Jo 1:9). Para aqueles que
eram meros crentes professos sem realidade interior, seria arrependimento que
levaria à salvação de suas almas. Em ambos os casos, arrependimento e
julgamento próprio eram necessários para que fossem trazidos à comunhão com
Deus. Limpar as mãos implica separar-se das poluições do mundo. Purificar o
coração implicaria em julgar a atividade da carne interior. Um é exterior e o
outro é interior (veja também 2 Coríntios 6:14-7:1). Tal limpeza e purificação
só poderia ser possível por meio da tristeza piedosa que leva ao
arrependimento. Por isso, Tiago diz: “Senti
as vossas misérias, e lamentai e chorai” (v. 9). Ele acrescenta: “converta-se o vosso riso em pranto, e o
vosso gozo em tristeza”. Esta última observação mostra que precisamos levar
a sério essas coisas na presença de Deus.
O resultado prometido é doce
de fato. Ele diz: “Humilhai-vos perante
o Senhor, e Ele vos exaltará” (v. 10). Se um crente realmente se humilha na
presença de Deus sobre seu andar descuidado, a restauração é prometida – há
sempre um caminho de volta para Deus. Deus é fiel; quando reconhecemos nosso
fracasso, Ele nos levanta e nos restaura a comunhão Consigo mesmo (1 Jo 1:9).
Humilhar-se em verdadeiro julgamento próprio é escrito no tempo verbal aoristo
no grego; significa que isso deve ser feito de uma vez por todas. Portanto, deve
haver uma convicção profunda e séria em nosso julgamento próprio para nos
afastarmos do erro de nosso caminho – de uma vez por todas.
Se uma pessoa fosse um
simples crente professo – o que alguns deles evidentemente eram – ela
manifestaria isso não atendendo à repreensão, e continuando em seus caminhos
carnais e mundanos. Assim, ela provaria que não tinha fé em nosso Senhor Jesus
Cristo.
O Diabo
O Diabo
Vs. 7b-10 – Tiago continua
falando sobre o terceiro inimigo do Cristão – o diabo. Como faraó tentou trazer
os filhos de Israel de volta ao Egito depois que eles partiram (Êx 14), assim
este inimigo tentará de atrair o crente de volta ao mundo. (O faraó é um tipo
de Satanás). Portanto, Tiago diz: “Resisti
ao diabo e ele fugirá de vós”. Podemos nos perguntar como devemos resistir
a ele quando ele é muito mais forte que nós. É verdade; força por força não
somos páreo para Satanás, mas temos Deus ao nosso lado. “maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1 Jo 4:4). Poderíamos
ter pensado que Tiago teria nos dito para fugir do diabo – mas é exatamente o
oposto. Devemos manter nosso terreno e não comprometer qualquer aspecto da verdade
que nos foi dada.
A grande questão é: “Como
vamos fazer isso?” Tiago passa a nos dar a chave para resistir ao diabo com
sucesso. Resistimos a ele aproximando-nos
de Deus. Isso pode ser visto no fato de que Tiago acrescenta à sua
exortação a respeito de resistir ao diabo: “Chegai-vos
a Deus, e Ele Se chegará a vós” (v. 8a). Quando nos envolvemos em oração,
leitura da Palavra de Deus e meditação (Hb 4:16, 10:19-22), nos aproximamos de
Deus e Ele Se aproxima de nós. O resultado é que temos comunhão juntos. Se
formos encontrados na presença de Deus, o diabo não ficará perto de nós. Ele
não está confortável lá e vai fugir. Assim, somos libertos de seu assédio. A
presença de Deus, portanto, é o lugar de segurança do crente. “Aquele que habita no esconderijo do
Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu
Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e n’Ele confiarei. Porque Ele te
livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as Suas
penas, e debaixo das Suas asas estarás seguro” (Sl 91:1-4). Esses
versículos confirmam que a morada do Senhor é verdadeiramente um lugar de
proteção para o crente. Figurativamente falando, é como uma poderosa fortaleza
e um grande ninho de águia. O “caçador” (Satanás) não pode nos tocar quando
estamos lá. Deuteronômio 33:12 indica a mesma coisa: “O amado do Senhor habitará seguro junto a Ele” (AIBB). O Salmo
143:9 também diz: “porque em Ti é que eu
me refugio”.
Satanás treme ao observar,
O santo mais fraco se ajoelhar.
O Mundo
O Mundo
V. 4 – Tiago prossegue,
falando do resultado inevitável de uma pessoa que vive em concupiscências
incontroladas; ele se voltará para o mundo para satisfazer esses desejos.
Quando a carne não é mantida sob controle na vida de um crente, ela funcionará
em conjunto com o mundo e o diabo, e esses inimigos o afastarão de Deus,
praticamente falando. Portanto, Tiago nos alerta contra o pecado de mundanismo.
Ele diz: “Adúlteras, não sabeis que a
amizade com o mundo é inimizade contra Deus?” (JND) (As versões King James
e as em português acrescentam: “adúlteros”, mas há pouca ou nenhuma autoridade de
manuscrito para isso. A Igreja é vista na Escritura no gênero feminino e não no
masculino – 2 Co 11:2; Ef 5:23-32; Ap 19:7-9). O ponto que Tiago está fazendo
aqui é que, voltar-se para o sistema mundano para satisfazer nossos desejos é
um adultério espiritual; é realmente infidelidade ao Senhor. Amar as coisas
passageiras deste mundo (1 Jo 2:17) é ser falso para com o Senhor. A concupiscência
por bens materiais e prazeres é cobiça, que é idolatria (Cl 3:5). O mal da
idolatria é que ela estabelece um ídolo em nossos corações que se rivaliza com
Cristo por nossa atenção e afeições (Ez 14:3). Tudo isso é infidelidade
espiritual para com Ele.
Além disso, “o mundo” está em estado de aberta rebelião
contra Deus. Mostrou seu ódio por Cristo e expulsou-O. Como então qualquer Cristão
de mente correta pode querer ter comunhão com o mundo? Fazer isso é
infidelidade ao Senhor. Devemos ser amigáveis
com as pessoas do mundo, mas não devemos ser amigos de pessoas mundanas. Falamos aqui de cumplicidade com o
mundo, não de interações sob o “princípio da plena concordância” nos negócios,
etc.
O mundo é visto de três maneiras diferentes nas escrituras:
- Como um lugar onde
vivemos (planeta Terra) e para o qual Cristo veio para morrer pelos pecadores
(Mc 16:15; At 17:24; 1 Tm 1:15; Hb 1:2).
- Como um sistema de
negócios e atividades que o homem organizou na tentativa de manter-se feliz e
satisfeito em sua alienação de Deus. Já que o homem é uma criatura complexa com
muitos interesses e desejos, o sistema mundial foi construído com muitos
departamentos – político, comercial, religioso, entretenimento, esportes, etc.
(Jo 16:33; Rm 12:2; Gl 6:14; 1 Co 2:12, 3:19; Tt 2:12; 2 Pe 1:4, 2:20; 1 Jo
2:16, 5:19). É uma sociedade da qual Cristo é excluído (Jo 1:10-11; 1 Co
2:6-8).
- Como pessoas perdidas que estão envolvidas no sistema mundial (Jo 1:10b, 3:16-17, 17:23).
Tiago está falando dos dois
últimos aspectos do mundo. Ele diz: “Portanto
qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. Esta é
uma declaração séria de fato. Ele está dizendo que nossa atitude para com o
mundo declara claramente nossa atitude para com Deus. Se tomarmos uma posição
com o mundo, estamos nos posicionando contra Deus! Não há nenhum ponto neutro
nisso. A salvação nos mudou de inimigos de Deus para amigos de Deus (Rm 5:10).
Quando uma pessoa responde ao chamado de Deus e vem a Cristo, ele, por sua
confissão, está fazendo uma clara ruptura com o mundo que crucificou a Cristo.
Virar-se depois de ser salvo e tomar uma posição de amizade com o mundo é uma
negação prática de nossa confissão como Cristãos. Qualquer um que o faça,
coloca uma dúvida sobre sua confissão se é verdadeiramente salvo. Continuar na
amizade habitual com o mundo é evidência de incredulidade, e isso pode
significar que ele não seja salvo de forma alguma. Tiago, portanto, usa o
princípio da separação do mundo como outro teste da veracidade da fé de uma
pessoa.
V. 5 – Ele diz: “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura:
O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” Seu ponto aqui é que a Escritura
não nos adverte desses tipos de desejos mundanos sem razão; eles são muito
perigosos e “combatem contra a alma”
(1 Pe 2:11). Tiago está nos perguntando se realmente pensamos que o Espírito de
Deus habitando em nós nos levaria a desejar as coisas do mundo. Seria absurdo
pensar que o Espírito de Deus levaria um Cristão a algo que é tão odioso para
Deus.
Ao ler este versículo,
podemos nos perguntar qual escritura do Velho Testamento que Tiago estava
citando. No entanto, ele não estava se referindo a um verso específico, mas
estava falando de todo o teor da Escritura. A mensagem da Escritura, em geral,
condena as concupiscências mundanas. Assim, como eles poderiam pensar que Deus
seria feliz com eles buscando um curso de amizade com o mundo – ou as pessoas
ou com o sistema?
Vs. 6-7a – Tiago antecipa
alguém afirmando que não podia romper os laços das relações estabelecidas há
muito tempo que tinha no mundo, e responde: “Antes, Ele dá maior graça”. Isto é, independentemente de quão
forte é a atração do mundo, a graça de Deus é suficiente para enfrentá-lo e vencê-lo.
Ele dará graça a toda pessoa exercitada para que ela possa vencer o mundo e se
afastar dele. Tudo o que temos que fazer para receber essa grande graça é nos
humilharmos perante Ele. Assim, Tiago diz: “Deus
resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes”. O orgulho – o desejo
de ser bem visto por certas pessoas – está muitas vezes na raiz da falta de
vontade de uma pessoa em claramente romper com o mundo. Se um crente preza suas
amizades com o mundo mais do que sua amizade com o Senhor Jesus, e coloca as reivindicações
dessas amizades adiante das de Cristo, então, entenda que Deus resiste aos
orgulhosos; Sua graça não será dada a tal. Mas se uma pessoa é verdadeiramente
exercitada sobre os jugos desiguais que tem com o mundo (2 Co 6:14-17) e se
humilha perante Deus, Ele derramará Seu suprimento ilimitado de graça para a
situação e o ajudará afastar-se de suas associações mundanas. Tiago, então, dá
a única conclusão lógica para todo o assunto: “Sujeitai-vos pois a Deus”. Isto é, “submeta-se” a Ele (ao que Ele
disse em Sua Palavra em relação ao mundo) e busque a Sua graça para se afastar
do mundo e de suas associações. Submeter-se a Deus é onde reside o poder para a
vida Cristã.
A Carne
A Carne
V. 1 – Tiago fala primeiro
sobre a atividade da carne – a natureza caída pecaminosa em um crente. Ele
pergunta: “Donde vêm as guerras e
pelejas entre vós?” A palavra traduzida por “guerras” na língua original tem o sentido de uma longa e
prolongada batalha, enquanto “pelejas
[contendas – ARA]” se referem a uma luta específica.
Isso mostra que alguns problemas de conflito entre irmãos têm uma história de
longa data e que outros são simplesmente casos isolados.
Ao perguntar isso, Tiago
queria que eles considerassem o que estava na origem de seus conflitos e
julgassem sua raiz. (Algumas traduções realmente usam a palavra “fonte” neste verso). Ele responde à
sua pergunta com outra pergunta: “Porventura
não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?”
O uso que Tiago faz de “membros”
aqui não está se referindo à nossa participação no corpo de Cristo, mas aos
membros de nossos corpos físicos. Além disso, a palavra “concupiscência” na versão King James deve ser traduzida como “deleites [prazeres – ARA]”. Isso
indica que eles não apenas tinham desejos de concupiscência (ou seja, grande
desejo de bens e gozo material) em seus corações, mas que eles estavam
gratificando esses desejos entregando-se a prazeres pecaminosos. Assim, ao
fazer esta segunda pergunta, Tiago estava apontando para a evidência de um
sério problema espiritual em suas almas. Eles estavam dando permissão para a
carne em suas vidas, e isso estava apenas despertando a carne mais e mais, e
ela estava se manifestando em outras áreas além da busca de prazer – estava
alimentando os conflitos que eles estavam tendo em seus relacionamentos
pessoais. Isso nos mostra que o problema dos conflitos entre os irmãos pode ser
rastreado à permissão da carne num curso descontrolado em outras áreas de
nossas vidas pessoais. Todas estas coisas correm do mesmo sistema de raízes – a
carne.
Este estado de coisas entre
irmãos certamente não é a vontade de Deus. Em Efésios 4:1-4, o apóstolo Paulo
ensinou que a primeira responsabilidade que temos, como parte do corpo de
Cristo, é guardar a unidade do Espírito. Ele disse que isso só pode ser
alcançado quando cada membro do corpo é marcado por humildade, mansidão,
longanimidade e paciência. O assunto da interação dos membros do corpo de
Cristo, no entanto, não é a linha de ministério de Tiago e, portanto, não é
mencionado aqui. No entanto, o amor e a unidade entre os crentes são temas que
correm por todo o Novo Testamento e são o que deve caracterizar a Igreja em seu
testemunho. É triste dizer que é o que tem faltado entre os Cristãos por
séculos.
Vs. 2-3 – Esses versos nos
dizem como a carne funciona para provocar guerras e contendas. Começa com a “concupiscência” desenfreada no coração
para possuir algo. Isso é cobiça. A concupiscência pode tornar-se tão forte em
uma pessoa que, em casos extremos, pode até “matar” (ARA) para alcançar esse objetivo. Quando a pessoa “não pode alcançar” e gratificar seus
desejos de concupiscência, sua frustração será desabafada em outras áreas de
sua vida. Ficará evidente na pessoa sendo uma fonte de problemas entre seus
irmãos. Ele vai “combater e guerrear”.
Também será evidente em sua vida de oração. Ou ele não orará sobre isso – “não pedis” – ou se ele orar, ele vai
pedir “mal”, porque ele tem motivos
errados. Já que seu objetivo é “para o
gastardes em vossos deleites”, ele não recebe o que pede.
Isso nos mostra que Deus olha
para o coração quando fazemos nossos pedidos de oração. Ele não apenas ouve
nossas palavras, mas procura os motivos de nossos corações, e se Ele achar que
temos segundas intenções nas coisas que pedimos, essas coisas não serão
concedidas. Portanto, é bem possível orar por coisas completamente corretas com
motivos completamente errados, e elas claramente serão negadas.
O pecado da cobiça age em
todo coração humano (Mc 7:22), mas parece especialmente no coração de um judeu.
A disputa como um todo parece estar inclinada em ganhar riqueza. Quando esse
pecado corre sem controle na comunidade Cristã, certamente haverá conflitos e
disputas. Quando levamos em consideração o fato de que algumas das pessoas a
quem Tiago estava escrevendo não eram sequer salvas, é perfeitamente
compreensível por que haveria tanta tensão. Um homem de mente celestial e um
homem de mente terrena nunca verão as coisas da mesma maneira.
Para ajudá-los a ver a carne,
o mundo e o diabo corretamente e julgar a atividade dessa coalizão maligna, Tiago
toca em várias coisas horríveis que resultam da permissão desses inimigos reinarem
de forma livre na vida de um Cristão. O caos que eles produzem em todos os
aspectos da vida é terrível.
- Guerras e pelejas – v. 1a.
- Busca de deleites – v. 1-2.
- Falta de oração – v. 2b.
- Cobiça – v. 3
- Deslealdade a Cristo – v. 4a.
- Mundanismo – v. 4b.
- Falta de poder para resistir ao diabo – v. 7
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