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Informações

A EPÍSTOLA DE TIAGO – A Realidade da Fé Provada em Circunstâncias da Vida Diária
Bruce Anstey

Originalmente publicado por:
CHRISTIAN TRUTH PUBLISHING
9-B Appledale Road
Hamer Bay (Mactier) ON P0C 1H0
CANADÁ
christiantruthpublishing@gmail.com

Título do original em inglês: THE EPISTLE OF JAMES - The Reality of Faith Proved in the Circunstances of Everyday Life. 
Primeira edição - abril 2013

Traduzido, publicado e distribuído no Brasil com autorização do autor por:
ASSOCIAÇÃO VERDADES VIVAS, uma associação sem fins lucrativos, cujo objetivo é divulgar o evangelho e a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo.
atendimento@verdadesvivas.com.br 

Primeira Edição em português – Junho 2019
e-Book versão 1.0

Abreviaturas utilizadas:
ARC – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida – SBB 1969
ARA – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada – SBB 1993
TB – Tradução Brasileira – 1917
ACF – João Ferreira de Almeida – Corrigida Fiel – SBTB 1994
AIBB – João Ferreira de Almeida – Imprensa Bíblica Brasileira – 1967
JND – Tradução inglesa de John Nelson Darby
KJV – Tradução inglesa King James 

Todas as citações das Escrituras são da versão ARC, a não ser que outra esteja indicada.

ÍNDICE

Tópico Cap:Vers
Capa
Informações
INTRODUÇÃO
O Propósito da Epístola
A Importância de Viver por Fé
Esboço da Epístola
FÉ PROVADA POR COMO LIDAMOS COM PROVAÇÕES 1:1 - 1:18
Dois Tipos de Tentações (Provações) 1:2
Tentações Vindas de Fora 1:2 - 1:4
Quatro Coisas Necessárias a Fim de Nos Beneficiar com as Provações 1:2 - 1:5
Um Espírito Alegre 1:2
Uma Mente Compreensiva 1:3
Uma Vontade Submisa 1:4
Um Coração Exercitado 1:5
O Perigo de Não Enfrentar as Provações com Fé 1:6 - 1:8
Recompensas por Exercitar Fé e Sabedoria nas Provações 1:9 - 1:12
Resumo das Boas Coisas que as Provações Produzem em Nossas Vidas se Recebidas em Fé
Tentações Vindas de Dentro 1:13 - 1:16
Como Tentações de Dentro Devem ser Tratadas 1:17 - 1:18
FÉ PROVADA POR COMO RECEBEMOS A PALAVRA DE DEUS 1:19 - 1:29
Recebendo a Palavra de Deus 1:19 - 1:21
Respondendo à Palavra de Deus 1:22 - 1:25
Um Teste Triplo da Realidade 1:26 - 1:27
Controle Próprio
Amor e Empatia
Santidade Pessoal
FÉ PROVADA POR COMO TRATAMOS OS OUTROS 2:1 - 2:26
O Pecado da Parcialidade 2:1
Dois Visitantes em uma “Reunião” 2:2 - 2:4
O Motivo de a Parcialidade não Ter Lugar nas Interações Cristãs com os Outros 2:5 - 2:13
1 - Nega o que a graça realizou na salvação 2:5 - 2:7
2 - Viola a Lei Real 2:8 - 2:11
3 - É Contrário à Lei da Liberdade 2:12 - 2:13
A Realidade da Fé Será Provada pelas Obras 2:14 - 2:26
Justificação pela Fé e Justificação pelas Obras
Abraão e Raabe 2:21 - 2:26
FÉ PROVADA POR NOSSO DISCURSO 3:1 - 3:18
O Uso e Abuso da Língua 3:1 - 3:4
A incontrolabilidade da língua 3:3 - 3:4
Um Freio na Boca de um Cavalo 3:3
Um Leme de um Navio 3:4
A Natureza Destrutiva da Língua 3:5 - 3:6
Uma Faísca Acendendo um Incêndio Florestal Devastador
O Caráter Corrupto da Língua - v7-8 3:7 - 3:8
Um Indomável Animal Venenoso
A Inconsistência da Língua 3:9 - 3:12
Uma fonte que dá água doce e amarga 3:11
Uma árvore que produz dois tipos de fruto 3:12
Uso da Língua com Sabedoria 3:13 - 3:18
FÉ EM CONEXÃO COM A CARNE, O MUNDO E O DIABO 4:1 - 4:17
A Carne 4:1 - 4:3
O Mundo 4:4 - 4:7a
O Diabo 4:7b - 4:10
O Necessário Estado de Alma para Enfrentar os Três Inimigos do Cristão 4:8b - 4:10
Evidências do Julgamento Próprio e Restauração à Comunhão com Deus 4:11 - 4:17
FÉ PROVADA POR COMO MANEJAMOS INJUSTIÇAS 5:1 - 5:13
Quatro Pecados Notáveis dos Ricos 5:2 - 5:6
Os Perigos de Reagir Injustamente às Injustiças Feitas Contra Nós 5:7 - 5:13
1 - Retaliação 5:7 - 5:8
2 - Reclamar 5:9 - 5:11
3 - Fazendo Juramentos 5:12 - 5:13
FÉ PROVADA PELO NOSSO CUIDADO PARA COM O DOENTE (Física e Espiritualmente) 5:14 - 5:20
A Oração dos Anciãos 5:14 - 5:15
Doença por Causa de Pecado 5:15 - 5:16a
Orações de Elias 5:16b - 5:18
Elementos da Oração de Elias no Carmelo
Restaurando um Irmão Rebelde 5:19 - 5:20

INTRODUÇÃO

Esta é a primeira epístola inspirada no Novo Testamento, escrita por volta de 45 d.C. Naquela época, a Igreja era predominantemente composta de crentes judeus; os gentios estavam apenas começando a ser salvos e adicionados ao seu número. No que diz respeito à apreensão da plena verdade do Cristianismo, a Igreja estava em um período de transição. Os crentes naquela época não tinham entendido completamente a fé que haviam abraçado, em grande parte porque os ensinamentos do apóstolo Paulo, que estabelecem “todo o conselho de Deus” (At 20:27; Cl 1:25), ainda não haviam sido dados a eles. Consequentemente, eles não foram completamente separados, na prática, da ordem judaica, da qual o escritor de Hebreus chama “o arraial” (Hb 13:13). A epístola aos Hebreus, que insiste em uma separação completa do judaísmo, não havido sido escrita até mais tarde – por volta de 63 d.C. Os crentes judeus no Senhor Jesus não haviam entrado no significado de Seu ensino em João 10:1-9, que fala de ser levado do “aprisco” judaico para a plena luz e liberdade do privilégio e serviço Cristão em Seu “rebanho” (Jo 10:16).
Portanto, esses Cristãos judeus eram compreensivelmente ainda muito ligados às suas sinagogas e à ordem judaica de coisas. Eles se apegaram tenazmente à Lei de Moisés (At 21:20), não conhecendo a excelência da posição celestial, o chamado e o destino da Igreja. Eles se viam como um remanescente fiel e iluminado do povo judeu (Dn 11:35, 12:3) que tinha novas esperanças para a nação, centralizado no Senhor Jesus Cristo, o Messias de Israel. Sua esperança era ver o reino de Cristo estabelecido na Terra de acordo com o ensinamento dos profetas do Velho Testamento. Isso, eles acreditavam, aconteceria em breve.
Devemos ter isso em mente ao ler a epístola de Tiago; as coisas são vistas principalmente em um nível judaico de coisas, embora fossem crentes no Senhor Jesus Cristo.

O Propósito da Epístola

Esta é uma das epístolas judaico-Cristãs em nossas Bíblias (Hebreus, Tiago, 1a e 2a Pedro) que foram escritas para estabelecer judeus convertidos em vários aspectos do Cristianismo com os quais naturalmente teriam problemas ao saírem do judaísmo. Nesta epístola, Tiago lida com certos comportamentos, questões e tendências judaicas que estavam enraizados em seus pensamentos e maneiras. Essas “faixas” agarravam-se a esses judeus convertidos e constituíam um obstáculo à liberdade e ao serviço Cristãos. Assim, elas precisavam ser tiradas. No entanto, muitas vezes aqueles que são salvos do judaísmo não veem esses obstáculos claramente e precisam da ajuda de outros para tirar essas coisas. Este foi o caso das faixas que envolviam Lázaro. O Senhor disse aos Seus discípulos: “Desatai-o e deixai-o ir” (Jo 11:44 – TB). Essencialmente, isso é o que Tiago e Pedro (que eram ministros da circuncisão) fazem pelos seus irmãos judeus em suas epístolas (Gl 2:7-9).
Embora as coisas que Tiago aborda tenham aplicação específica para os que têm antecedentes judaicos, os princípios práticos que ele aborda aplicam-se a todos os Cristãos de todas as épocas – sejam judeus ou gentios. O caráter prático do livro é como o “sal” que preserva os santos em separação do mundo e das tentações que pressionam todo Cristão (Mt 5:13). O livro, portanto, é imensamente prático, contendo pouca verdade doutrinária. É significativo que não haja uma referência à obra de redenção do Senhor na cruz. Em vez disso, Tiago se concentra em questões práticas que estavam confrontando seus irmãos.

A Importância de Viver por Fé

 O objetivo principal de Tiago ao escrever a epístola era enfatizar aos seus compatriotas, que haviam recebido o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador, a importância de viver por fé. Tendo vindo do sistema do judaísmo, que era amplamente governado por visão e audição, eles precisavam aprender a andar por fé e não por vista, que é um elemento essencial do Cristianismo (2 Co 5:7; Rm 1:17; Gl 3:11; Hb 10:38). A epístola, portanto, concentra-se na necessidade de viver por fé nas circunstâncias cotidianas da vida.
Percebendo que havia uma grande possibilidade de que houvesse alguns entre eles que não eram verdadeiros, Tiago se dirige à sua audiência como uma mistura de verdadeiros crentes e crentes meramente professos. Ele enfatiza a importância de cada um provar a realidade de sua fé com uma conduta própria de um verdadeiro Cristão. Ele os exorta a uma caminhada prática que demonstre sua fé e mostre que eles eram verdadeiros crentes. O versículo chave do livro é o capítulo 2:18 –  “Eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. O irmão Nicolas Simon disse que Tiago estava essencialmente dizendo: “Poderiam, por favor os verdadeiros crentes se levantar?” Em outras palavras, era hora de aqueles que verdadeiramente tinham fé em nosso Senhor Jesus se identificarem dentre a massa de Cristãos meramente professos, mostrando sua fé em suas vidas. Uma vez que há mais Cristãos meramente professos conectados com o Cristianismo hoje do que nunca, essa epístola nunca foi tão necessária do que atualmente.
A verdadeira fé se manifestará na conduta de um crente nas circunstâncias cotidianas da vida. Assim sendo, Tiago aborda situações que todos encontramos em nossas vidas diárias e mostra como elas devem ser usadas como oportunidades para validar nossa fé em Cristo. Em certo sentido, Tiago está se baseando nos ensinamentos do Senhor Jesus que disse: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7:20).

Esboço da Epístola

Como mencionado, Tiago toca em várias áreas da vida Cristã em que a fé é requerida e deve se manifestar. Se essas situações da vida cotidiana forem recebidas com fé, provaremos que a realidade de nossa fé é verdadeira; as graças e virtudes morais do Cristianismo serão vistas em nossas vidas como evidência de nossa fé.
  • A Fé provada por como lidamos com provações – com alegre submissão e confiança na bondade de Deus (cap. 1:2-18).
  • A Fé provada por como recebemos e respondemos à Palavra de Deus – com obediência (cap. 1:19-27).
  • A Fé provada por como tratamos os outros com graça e bondade (cap. 2:1-26).
  • A Fé provada por nosso discurso – com controle próprio (cap. 3:1-18).
  • A Fé provada por não ser governada pela carne, pelo mundo e pelo diabo – com santidade (cap. 4:1-17).
  • A Fé provada por como lidamos com injustiças – com paciência (cap. 5:1-13).
  • A Fé provada pelo nosso cuidado pelos doentes (física e espiritualmente) – com o amor (cap. 5:14-20).


FÉ PROVADA POR COMO LIDAMOS COM PROVAÇÕES - Capítulo 1:1-18


A saudação

 V. 1 – “Tiago” escreve aos seus compatriotas que professaram fé no “Senhor Jesus Cristo”. Ele não era um dos doze apóstolos (Lucas 6:13-16), mas era um dos principais anciãos da Igreja em Jerusalém (At 12:17, 15:13-21, 21:17-25; Gl 2:9). Tiago era “o irmão do Senhor”, tendo crescido na família de José e Maria (Mc 6:3; Gl 1:19). Ele era incrédulo durante o ministério terreno do Senhor (Jo 7:3-10), mas foi convertido logo após a Sua morte. Isso provavelmente aconteceu quando o Senhor apareceu a ele depois que Ele ressuscitou dos mortos (1 Co 15:7). Josefo nos diz que Tiago foi apedrejado até a morte pelo Sinédrio (o conselho judaico) por volta de 61-62 d.C. da mesma maneira que Estêvão.
Esta epístola é classificada como uma epístola “geral”, significando que não foi escrita para nenhuma assembleia ou indivíduo específico, mas para uma audiência mais ampla – “às doze tribos que andam dispersas” (cap. 1:1). Essas tribos de Israel foram dispersas por muitos anos, quando as dez tribos foram levadas cativas (2 Rs 15:27-31, 17:3-41) e depois mais tarde as duas tribos (2 Rs 24). Enquanto um remanescente de judeus (as duas tribos) retornou à sua terra natal em Esdras 1-2, a maioria permaneceu dispersa (Jo 7:35). A fé de Tiago era tanta que ele acreditava que havia algumas dessas tribos de Israel que tinham fé em Cristo e dirigiu sua epístola a elas. Alguns destes podem ter estado em Jerusalém e ouvido os apóstolos pregarem no dia de Pentecostes (At 2), ou em alguma data posterior, e retornaram aos vários países de onde eles viveram como crentes no Senhor Jesus. J. N. Darby ressalta que, ao falar de “às doze tribos” dessa forma, Tiago indicou que a nação ainda não havia sido formalmente (literalmente) colocada de lado nos caminhos de Deus. Isto aconteceu mais tarde em 70 d.C.

Dois Tipos de Tentações (Provações)

Já que os irmãos a quem Tiago estava escrevendo estavam enfrentando uma severa prova de perseguição em relação à posição Cristã que haviam adotado, ele abordou o assunto das tentações (provações) primeiro. Ele fala de dois tipos de provações que um crente enfrenta no caminho de fé. Eles são:
  •    Provações santas – tentações que vêm de fora; as coisas externas que Deus permite entrar em nossas vidas para nos testar (vs. 2-12).
  •     Provações profanas – tentações que vêm de dentro que emanam de nós, quando permitimos que as concupiscências de nossa natureza pecaminosa ganhem controle sobre nós (vs. 13-15).

 (Hebreus 4:15 nos diz que o Senhor Jesus foi provado em todos os pontos, como estamos sendo, quanto ao primeiro tipo acima. É dito que Ele “em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Isso significa que Ele passou por provações em Sua vida de todo tipo que um homem santo poderia ser tentado, com exceção das tentações que emanam da natureza pecadora interior. O Senhor nunca teve tentações do segundo tipo, porque Ele não teve uma natureza caída pecaminosa com a qual responder às tentações de Satanás. João 14:30 indica que não havia nada n’Ele que pudesse ser afetado por tais coisas, porque Ele tinha apenas uma natureza humana santa – Lucas 1:35).
Nestes versos, Tiago mostra que ambos os tipos de tentações devem ser enfrentados com fé. Não só a fé ajudaria a pessoa se colocar acima delas vitoriosamente, mas também manifestaria a realidade de sua profissão.

Tentações Vindas de Fora

Vs. 2-4 – A Igreja, naquele dia, era predominantemente composta de judeus convertidos, e eles estavam sob uma tremenda perseguição vinda de seus compatriotas incrédulos por sua profissão de fé no Senhor Jesus Cristo (1 Ts 2:14-16). Pela maneira com que esta mistura de professos convertidos reagiu à essas provações vindas de fora (perseguições) revelou muito sobre onde eles realmente estavam quanto às suas almas – isto é, se eram verdadeiros crentes ou não. Havia uma constante tentação diante deles para voltarem ao aprisco judaico a fim de evitar a provação da perseguição (Hb 10:38-39). No entanto, isso provaria que sua fé professada em Cristo não era verdadeira.
Embora a perseguição tenha sido a terrível provação que esses convertidos judeus enfrentaram, Tiago endereça suas observações a uma ampla variedade de provações que ele chama de “várias [diversas – TB] tentações”. Isto, naturalmente, incluiria a provação da perseguição, mas abrangia todo tipo de coisas que provariam a fé de um Cristão. Poderiam ser coisas relacionadas com a saúde, dificuldades financeiras, tristezas familiares, problemas conjugais, etc.
Tiago diz que “caímos” nessas tentações (provações santas). Isso pode soar um pouco incomum; poderíamos entender melhor se ele tivesse dito isso em conexão com o segundo tipo de provações relativas ao pecado (vs. 13-18). No entanto, devemos lembrar de que a versão King James como a Almeida são traduções antigas que possuem alguns usos arcaicos de palavras. A expressão “cair” nesta passagem é um exemplo. Hoje diríamos “passar por” (TB). Isso nos ajuda a entender o que Tiago está falando. Ele está dizendo que haverá certas dificuldades e problemas que cairão sobre nós, e assim entrarão em nossas vidas de forma inesperada e além do nosso controle (compare At 27:41).

Quatro Coisas Necessárias a Fim de Nos Beneficiar com as Provações

Tiago fala de quatro coisas que devemos ter em tempos de provação, a fim de nos beneficiar espiritualmente com a provação.

Um Espírito Alegre

        Primeiramente, precisamos manter um espírito alegre (v. 2). Ele diz: “Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo, quando passardes por diversas tentações” (TB). Isso pode parecer um pouco contraditório. Como alguém pode ter gozo numa provação em sua vida? No entanto, Tiago não diz exatamente que devemos estar felizes com as dificuldades e problemas que surgem em nosso caminho. Deus não quer que sorríssemos de uma provação desse tipo, como se fosse algo que não deveria ser levado a sério. Tiago está nos alertando contra a tendência de reclamar quando uma provação vem em nosso caminho. Assim, sua exortação é ter cuidado em manter um espírito alegre. O “gozo” de que ele está falando aqui resulta da fé olhando além da provação, para o seu resultado positivo (Rm 5:3-5). Se nos falta fé e confiança em Deus, não nos regozijamos, mas nos queixamos disso. Consequentemente, não estaremos em condições de nos beneficiar com a provação.

Uma Mente Compreensiva


        Tiago continua falando de uma segunda coisa de que precisamos para nos beneficiar com as provações – uma mente compreensiva (v. 3). Ele diz: “sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência [perseverança – ARA]. Nossa capacidade de nos regozijarmos em provações está conectada com “saber” e crer que o Senhor não permitiria que nada nos tocasse que não tivesse um propósito de “amor” de Sua parte (Hb 12:6) e “sendo necessário” por nossa parte (1 Pe 1:6). Entendendo que a provação foi ordenada por Deus para desenvolver alguma coisa em nós para nosso benefício espiritual, devemos ser capazes de passar por ela com uma atitude correta. Pode ser algum caráter moral, como “paciência [perseverança], que é uma coisa importante e necessária na vida Cristã. Sem esse conhecimento, poderíamos nos tornar perplexos e oprimidos quando o problema nos assediasse, e isso poderia resultar em nossa fé desmoronar sob a provação e nos desanimar.
O apóstolo Paulo fala da importância desse tipo de conhecimento em Romanos 8:28: “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto”. Ele não diz que todas as coisas que entram em nossas vidas são boas – porque algumas delas podem ser muito tristes e ruins – mas que essas coisas “contribuem juntamente para o bem”. Podemos não ver isso no momento da provação, mas a provação se destina a produzir em nossa vida algo que é bom no final – no que diz respeito ao nosso ser moral (Dt 8:16). Lembremo-nos de que todo filho de Deus está na escola de Deus e, portanto, sob Seu treinamento divino (Jó 35:10-11, 36:22; Sl 94:10; Is 48:17; Hb 12:10-11). Deus usa provações para nossa educação espiritual – para nos ensinar dependência e obediência (Sl 119:67-68, 71) e para formar o caráter de Cristo em nós (Rm 8:29), etc. Conhecendo e crendo que tais coisas na verdade, “contribuem juntamente” para o nosso bem e benefício, nos dá a capacidade de perseverar em tempos de provação.
J. N. Darby observou que “a provação não pode em si conferir graça, mas sob a mão de Deus pode quebrar a vontade e detectar males ocultos e insuspeitados, e que se julgados, a nova vida é mais plenamente desenvolvida e Deus tem um lugar maior no coração. Além disso, por ela, a humilde dependência é ensinada; e como resultado, há mais desconfiança de si mesmo e da carne, e uma consciência de que o mundo não é nada, e o que é eternamente verdadeiro e divino tem um lugar maior na alma”. Portanto, as provações têm uma maneira de remover coisas supérfluas em nossas vidas e em nossas personalidades. Elas tendem a nos desconectar de nossos recursos materiais e posições na vida, e nos conectar com o que é espiritual e eterno.
Quando a provação chega, pensamos naturalmente: “Como posso me tirar disso?” Mas o que realmente deveríamos estar dizendo é: “O que posso tirar disso!” Há pelo menos dez coisas positivas que resultam das provações pelas quais o povo do Senhor passa, se forem recebidas corretamente:
  • São oportunidades para Deus mostrar Seu poder e graça para sustentar Seu povo em tempos difíceis, e assim manifestar Sua glória (Jó 37: 7; Jo 9:3, 11:4).
  • Por meio delas somos levados a conhecer o amor de Deus de uma forma mais profunda, e assim somos atraídos para mais perto do Senhor (Rm 5:3-5).
  • Por meio delas somos conformados moralmente à imagem de Cristo (Rm 8:28-29), e assim elas trabalham com vistas à nossa perfeição moral (Tg 1:4).
  • Se estivermos andando em caminhos de injustiça, elas são usadas ​​por Deus para corrigir nossos espíritos e nossos caminhos, produzindo assim em nós o fruto pacífico da justiça (Hb 12:5-11).
  • Por meio delas nossa fé é fortalecida (2 Ts 1:3-4).
  • Elas nos ensinam dependência (Sl 119:67-68, 71).
  • Elas nos afastam das coisas terrenas e, assim, nos levam para o céu; como resultado, a esperança celestial arde mais intensamente em nossos corações (Lc 12:22-40).
  • Eles atraem irmãos mais próximos uns dos outros (Jó 2:11, 6:14; 1 Cr 7:21-22).
  • As lições que aprendemos ao passar por provações nos permitem simpatizar com os outros de maneira mais eficaz (2 Co 1:3-4).
  • Elas nos capacitam para o tema do louvor na glória vindoura (2 Co 4:15-17).


Uma Vontade Submisa


        Tiago fala de uma terceira coisa de que precisamos para tirar proveito das provações – uma vontade submissa que aceita a provação da mão de Deus como uma designação divina (v. 4). Tiago diz: “Tenha, porém, a paciência [perseverança] a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma”. O perigo aqui é resistir ao que Deus está fazendo em nossas vidas por meio da provação, e assim não tirar proveito disso. A chave é “Tenha” a provação o seu bom trabalho em nós, porque é ordenada por Deus nos tornar “perfeitos”. Perfeito, no sentido de que Tiago fala disso aqui, significa crescimento completo (maturidade). Isso mostra que Deus está profundamente interessado em nosso desenvolvimento espiritual, e que Ele está disposto a permitir que o sofrimento em nossas vidas “por um pouco de tempo” o realize (1 Pe 1:6).
Exigirá fé para permitir que a provação faça seu trabalho divinamente designado. Mas, se crermos que Deus ordenou isso para o nosso bem e bênção, e que Ele tem algo a nos ensinar, estaremos mais inclinados a nos submeter a Ele na provação. Trabalhará para a formação de nosso caráter e as qualidades morais que nos levam a tornar-nos Cristãos maduros (perfeitos). Assim, cresceremos espiritualmente. Davi falou disso dizendo: “na angústia me deste largueza [na pressão me tens aumentado – JND] (Sl 4:1). Um grande resultado ao se submeter à provação por fé é que nos tornamos “completos, sem faltar em coisa alguma”. Não teremos falta de nada no que diz respeito à formação de nosso caráter Cristão.
Jó exibiu esse espírito de submissão quando seu julgamento multifacetado veio sobre ele. Ele “se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou, E disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:20-21). A fé crê que Deus está acima de todas as coisas, e que Ele é bom e apenas permite o que é para o bem do Seu povo. No caso de Jó, Deus usou a provação para tornar um homem bom, melhor. Nos capítulos intermediários do livro de Jó, ele desenvolveu um mau espírito quando provocado por seus três amigos, e ficou amargo, mas Deus prevaleceu e, no final, Jó arrependeu-se e obteve uma bênção d’Ele. O problema de Jó não estava em suas ações, mas em sua atitude. Ele era “perfeito” exteriormente (Jó 1:1 – JND), mas Deus queria que ele fosse perfeito interiormente também (Jó 23:10). Pelo fato de que Deus iria tão longe nos problemas que Ele permitiu na vida de Jó, mostra a importância que Ele considera de que Seu povo tenha uma atitude correta. A lição para nós aqui é que, se não tivermos um espírito correto, a provação pode nos tornar mais amargos do que melhores, e assim perderemos a bênção que Deus tem para nós na provação.
Algumas coisas a serem lembradas que nos ajudarão a aceitar nossas provações como vindas das mãos de Deus com um espírito correto são:
  • Nossa provação é divinamente cronometrada (Jó 23:14).
  • Nosso sofrimento na provação foi divinamente mensurado (Jó 34:23).
  • Seremos divinamente dotados de graça para lidar com isso (1 Co 10:13).
  • Seremos divinamente compensados ​​(1 Pe 1:6-7).


Um Coração Exercitado


        A quarta coisa de que precisamos para nos beneficiar das provações é ter um coração exercitado que busca a face de Deus em oração em relação à provação (v. 5). Tiago, portanto, nos encoraja a entrar na presença de Deus em oração e encomendar a nossa situação a Ele, pedindo-Lhe sabedoria para saber como lidar adequadamente com o problema. Ele diz: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada”. Se estivermos realmente preocupados com o que Deus tem para nós na provação – embora não saibamos por que as circunstâncias ocorreram da maneira que elas aconteceram – ela “depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela” (Hb 12:11).
Elifaz exortou Jó a buscar a face de Deus em sua provação. Ele disse: “eu buscaria a Deus, e a Deus entregaria a minha causa” (Jó 5:8 – TB). Este será sempre um exercício frutífero. Alguém disse uma vez: “Nunca devemos deixar a adversidade nos derrubar – exceto de joelhos”. A fé verá a dificuldade como vinda da mão de Deus e irá para Ele a respeito dela. Deus quer que venhamos a Ele com nossas dificuldades e problemas; Ele prometeu nos dar “sabedoria” na provação para que possamos saber como lidar com as coisas que nos assaltam. Tiago nos assegura que a sabedoria que precisamos para aquelas situações difíceis “nos será dada” se “pedirmos” a Ele por isso. Ele nunca “o lança em rosto [nos censura – AIBB] por termos vindo a Ele pedindo ajuda. Isso deve nos encorajar a ir a Ele em oração ainda mais. As provações, portanto, têm um meio de nos aproximar do Senhor – e isso é certamente uma coisa boa!
Tiago acrescenta: “Peça-a, porém, com fé, não duvidando”. Embora possamos carecer de sabedoria para a situação, nunca devemos carecer de fé. Note também: Tiago não nos diz para pedir a Deus que nos ajude a sair da provação, mas que possamos ter sabedoria divina na provação. Naturalmente falando, gostaríamos de sair da provação, e isso é compreensível, mas não é isso que Tiago nos encoraja a pedir. Ele quer que busquemos a graça e a sabedoria de Deus na provação e tentemos nos beneficiar com isso.
Estas quatro coisas que mencionamos serão evidentes na vida de uma pessoa que tenha fé no tempo da provação. De fato, as circunstâncias mais difíceis da vida são nossas maiores oportunidades de manifestar nossa fé em Deus (Jó 13:15). Ficará evidente pela maneira como respondemos nas provações.

O Perigo de Não Enfrentar as Provações com Fé

Vs. 6-8 – Tiago continua falando sobre os perigos de não enfrentar provações com fé. Ele diz: “porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa”. É inútil irmos a Deus sobre certas dificuldades em nossas vidas, se não formos com fé verdadeira. Se pedirmos ajuda ao Senhor em uma provação, mas não cremos que Ele fará alguma coisa por nós, provaremos sermos de “coração dobre (fingido) e infiéis no assunto. Todos esses fingidos não “receberão nada do Senhor”. Isso mostra que as respostas às orações podem ser impedidas pela incredulidade.
Uma pessoa pode arrogar-se ser um crente, mas se ele não é um verdadeiro crente, sua vida de oração irá manifestar isso. As provações têm uma maneira de trazer isso para fora. Quem realmente somos se torna evidente em tempos de provação. Se a fé de uma pessoa é apenas uma coisa professada, ela não se voltará verdadeiramente para Deus na provação – embora possa haver uma pretensão de fazê-lo. Ela será vista recorrendo a recursos humanos e outras coisas para obter ajuda.

Recompensas por Exercitar Fé e Sabedoria nas Provações

Vs. 9-12 – Tiago mostra que os efeitos positivos das provações são experimentados em pessoas de todas as esferas da vida – elas tocam a vida de todos de uma forma ou de outra. Ele toma dois extremos para demonstrar isso – um homem pobre e um homem rico.
Um “irmão de condição humilde” (um homem pobre) se gloria porque as lições que ele aprende em suas provações fazem com que ele valorize mais profundamente o que ele tem em seu lugar “exaltado” com Cristo. Ele se regozija em suas bênçãos espirituais. Ele também aprende lições práticas em relação às compaixões de Deus, recebendo ajuda de Deus em seus momentos de necessidade. O resultado é que o Senhor Se torna mais precioso para ele.
O homem “rico”, por outro lado, aprende valiosas lições de humildade (“humilhação” – TB) ao passar por provações. Ele aprende que seu dinheiro não pode isolá-lo de problemas e, portanto, ele se lança a Deus como qualquer outro crente. As provações têm uma maneira de “desbastar” homens ricos até ficarem do tamanho de um homem comum. Elas têm uma maneira de ensinar-lhes a dependência, que todos os homens devem aprender. Tiago não diz: “O homem rico se alegre em suas riquezas”, mas que ele deve se alegrar em sua “humilhação”, e assim é tornado mais como Cristo (Mt 11:29). Isso mostra que há algo valioso no aprendizado da humildade. O homem rico é ensinado a não confiar em si mesmo, nem “na incerteza das riquezas”, mas “em Deus” (1 Tm 6:17).
À luz da eternidade, as vantagens temporais que um homem rico tem não durarão. Para enfatizar esse ponto, Tiago nos lembra de que, como “o Sol” se eleva com “com ardor” e “seca a erva” e “a flor”, também “se murchará também o rico em seus caminhos”. Embora Tiago esteja se referindo aos homens ricos em geral, o homem rico que tem fé pode aprender com sua provação (se recebida corretamente) que as riquezas materiais não são nada em comparação com as coisas divinas e eternas. Ele pode saber disso intelectualmente, mas a provação ajudará a conhecer consciente e praticamente. Seu foco no dia-a-dia será desviado das coisas temporais para as coisas eternas de uma maneira mais real, e assim ele as valorizará mais profundamente.
O ponto nestes versos é que, uma pessoa, seja ela rica ou pobre, pode colher benefícios espirituais duradouros das provações da vida, se elas forem recebidas em fé. Tanto o homem pobre quanto o homem rico podem se regozijar no fato de que qualidades morais e espirituais estão sendo produzidas neles ao resistirem às provações.
V. 12 – Tiago passa adiante para dar uma palavra de encorajamento àquele que “sofre a tentação [suporta a provação – AIBB]. Ele diz: “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam”. Ele mostra que há uma recompensa presente e futura por passar por provações com o Senhor. Há uma bem-aventurança presente. (“Bem-aventurado” significa feliz.) Isso se refere a um gozo interior que é dado àqueles que andam com o Senhor em suas provações. Resulta do conhecimento de que somos os objetos especiais de Seu cuidado na provação particular que Ele nos deu. Esse gozo é conhecido apenas por aqueles que aceitam a provação como vinda do Senhor em fé. Então, há também uma recompensa futura de receber uma “coroa da vida” no dia do reconhecimento. Isso seria no tribunal de Cristo (Rm 14:10-12; 1 Co 3:13, 4:5; 2 Co 5:10; Mt 25:20-23). Isso nos ensina que o Senhor valoriza a fé e que Ele a recompensará em um dia vindouro.
No entanto, se nos rebelarmos contra as coisas que o Senhor nos deu para suportar, não apenas perderemos nosso gozo presente no Senhor e o proveito espiritual que Deus quer que ganhemos com a provação, mas também perderemos uma recompensa futura. Tiago acrescenta que esses gozos presentes e recompensas futuras são prometidos “aos que O amam” e suportam a prova em fé. Isso mostra que as provações que o Senhor nos dá para suportar são uma excelente maneira de mostrarmos nosso amor a Ele. Tomá-las como vindas da Sua mão em submissão é realmente uma coisa formosa para Ele; Ele valoriza e nos recompensará naquele dia.

Resumo das Boas Coisas que as Provações Produzem em Nossas Vidas se Recebidas em Fé

  • São oportunidades para manifestar nossa fé (v. 3).
  • Elas trabalham a perseverança em nós (v. 3).
  • Elas produzem maturidade espiritual (v. 4).
  • Elas nos ensinam dependência de Deus (vs. 5-6).
  • Elas nos ensinam a valorizar as coisas eternas (vs. 9-11).
  • Seremos recompensados ​​por suportá-las – no presente e no futuro (v. 12).
  • São oportunidades para provar nosso amor pelo Senhor Jesus (v. 12).


Tentações Vindas de Dentro

Vs. 13-15 – Tiago continua falando do outro tipo de tentação – a tentação de pecar. Como mencionado, estas são as provações profanas que emanam da natureza caída pecaminosa. Nota: Tiago não diz: “Tende grande gozo” aqui, como ele fez com o primeiro tipo de tentação. Satanás gostaria de nos apresentar essas coisas como algo que nos fará felizes, mas é mentira. Na realidade – e todos sabemos por experiência – dar lugar às concupiscências da carne não traz felicidade. Deixa-nos insatisfeitos e fora da comunhão com Deus. Tiago mostra nesta série de versículos que podemos vencer essas tentações de pecar, se forem elas forem enfrentadas com fé.
Ele começa afirmando claramente que esse tipo de tentação não vem de Deus. Ele diz: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta”. Tiago menciona isso porque a tendência natural do coração humano é transferir a responsabilidade pelo nosso erro para outra pessoa. No entanto, não podemos culpar a Deus por nossos desejos pecaminosos. Deus não tenta as pessoas a fazer o que Ele odeia; Ele testará nossa fé de várias maneiras, mas não nos tentará a fazer o mal.
O pecado emana das nossas próprias vontades agindo; e tudo vem de dentro do coração humano. O Senhor ensinou: “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem” (Mc 7:21-23). A verdade simples é que pecamos porque escolhemos pecar. Um crente pode “entrar” nesse tipo de tentação, se ele escolher fazê-lo (Mt 26:41). Portanto, somos totalmente responsáveis ​​por permitir o pecado em nossas vidas.
Tiago nos mostra o fruto de permitir o desejo interior. Existe um curso, ou uma cadeia de coisas, que funciona em nossas vidas. Começa com a “concupiscência” concebida no coração e, se não julgada na presença de Deus (1 Jo 1:9), frutifica em atos de “pecado”, que finalmente resultam em “morte”. Seu ponto é inequivocamente claro; se permitirmos que os pensamentos de concupiscência permaneçam em nossos corações, eles certamente trarão pecado e morte em nossas vidas.

Semeie um pensamento, colha uma ação,
Semeie uma ação, colha um hábito,
Semear um hábito, colha um caráter,
Semeie um caráter, colha um destino.

Pode-se perguntar: “De que maneira permitir o pecado na vida de uma pessoa produz a morte?” “Morte”, na Escritura, sempre tem o pensamento de separação de algum tipo. Depende do contexto da passagem; poderia ser separação da alma e espírito do corpo em morte física (Tiago 2:26), ou poderia ser a separação do incrédulo da presença de Deus para sempre em uma eternidade perdida (Ap. 20:6, 14 – “a segunda morte”), etc., O pecado, em seu sentido mais amplo, resulta em morte física (Gn 2:17; Rm 5:12) e, se uma pessoa não é salva, resulta em separação eterna de Deus. Em relação a um crente que permite o pecado em sua vida, está se referindo à morte em um sentido moral. Isto é, haverá uma desconexão em sua comunhão com Deus na prática, por meio da qual nenhum fruto pode ser produzido em sua vida. O apóstolo Paulo fala desse aspecto da morte em Romanos 8:13: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis”. (Veja também 1 Timóteo 5:6)
Vs. 16-18 – Em conexão com as observações precedentes, Tiago diz: “Não erreis, meus amados irmãos”. Essencialmente, ele está dizendo: “Não cometa um engano (erro) em pensar que você pode obter algo de bom por meio da concupiscência”. Toda vez que pensamos que podemos obter algo de bom ao satisfazer nossos desejos, cometemos um erro; só produz morte moral em nossas vidas. Ficamos infelizes, insatisfeitos e fora da comunhão com Deus.

Como Tentações de Dentro Devem ser Tratadas

Tiago nos mostra como esse tipo de tentação deve ser tratada para não pecarmos nessas situações. Em primeiro lugar, precisamos lembrar de que Deus é um Deus bom e um Deus generoso, que provê para todas as Suas criaturas. Tudo o que o filho de Deus precisa para sua felicidade “desce do Pai das luzes”; não vem alcançando-o por meio da concupiscência. Precisamos manter esse grande fato diante de nossas almas, porque a tendência é perdê-lo de vista em tempos de tentação.
Tiago observa que existem dois tipos de dons que Deus dá aos homens. Há “boas dádivas”, que são as coisas naturais da vida que Ele dá a toda a humanidade (Ec 3:13, 5:19; At 14:17; 1 Tm 6:17), e então há “dons perfeitos”, que são coisas espirituais que Deus dá aos crentes (Rm 6:23; Jo 4:10; 1 Ts 4:8; Ef 2:8, 4:7). Isso mostra que Deus é a Fonte e o Doador de toda coisa boa e perfeita. Ele suprirá todas as nossas necessidades – natural e espiritualmente – em Seu devido tempo (Fp 4:19). Ele não é o originador das tentações pecaminosas internas. Devemos ter fé para crer nisso a fim de vencer desejos pecaminosos.
Além disso, Tiago chama Deus de “o Pai das Luzes”. Isso indica que Ele é um Deus onisciente e que cuida de tudo. “Pai” fala de ternura, amor e cuidado. Isso significa que Ele não é um Deus impessoal que age sem sentimento em relação às Suas criaturas. “Luzes” enfatiza Seu infinito conhecimento e compreensão de todas as situações da vida. Isso significa que Ele conhece perfeitamente a nossa situação na vida e proverá o que precisamos de acordo com Sua grande bondade. Tiago acrescenta: “em Quem não há mudança nem sombra de variação”. Isso significa que não há mutabilidade na disposição de Deus para conosco; Suas intenções de abençoar e prover para nós não podem ser alteradas (Ml 3:6). Ele não é um Deus inconstante. Podemos ter certeza, portanto, de que Ele fará o melhor para nós em nossa situação na vida. A fé crê nisso. Crê que Deus é o Doador de todos os benefícios de que desfrutamos – natural e espiritualmente – e espera que Ele proveja o que é necessário em Seu bom momento. Esse tipo de confiança em Deus agrada muito a Ele (Sl 118:8-9).

Ele sabe, Ele ama, Ele ouve,
Nada esta verdade pode diminuir;
Ele dá o melhor – assim Lhe aprouve,
Para aqueles que deixam a Sua escolha fluir.

No entanto, a fé do crente é exatamente a coisa que Satanás ataca (Lc 22:32). Seu objetivo é abalar nossa confiança na bondade de Deus. Quando temos uma necessidade que não é imediatamente preenchida por Deus, estamos sendo testados por Ele no assunto. Quando Satanás vê isso, ele nos sugere que Deus está retendo algo bom de nós. Ele também sugerirá que devemos, portanto, agir por nós mesmos sobre o assunto. Se nossa confiança em Deus for abalada, provavelmente aceitaremos as sugestões de Satanás e buscaremos aquilo que achamos que precisamos. No entanto, quando agimos com vontade própria e com independência de Deus, produzimos pecado e morte em nossas vidas. Sr. H. E. Hayhoe disse com razão: “A incredulidade na bondade de Deus é a raiz de todos os nossos fracassos”.
Esta é exatamente a linha na qual Satanás tentou Eva no jardim do Éden. Ele disse a ela que comer o fruto da árvore os tornaria “como Deus” (Gn 3:5), e que Deus estava retendo deles aquela coisa boa. Quando sua fé foi abalada quanto à bondade de Deus e acreditou que se tomasse o fruto melhoraria a posição sua e do seu marido, ela tomou a coisa proibida e a comeu. Mas foi tudo mentira. Tomar o fruto não melhorou Adão e Eva nem os fez como Deus; Mas os fez pecadores.
Satanás tentou a mesma tática com o Senhor nas tentações do deserto (Lc 4:1-13). Em essência, ele disse a Ele: “Se Tu és o Filho de Deus, por que Deus não cuida de Ti em uma das coisas mais básicas da vida – Tua necessidade de comida?” Por trás dessa tentação havia uma tentativa de fazer o Senhor Se compadecer daquela situação. O diabo, tanto quanto disse a Ele: “Tu estás morrendo de fome aqui; isso não deveria acontecer com um homem piedoso!” Então, ele sugeriu que o Senhor usasse o poder da Sua divindade para suprir essa necessidade – a qual Deus evidentemente não estava suprindo. Mas para fazer isso, Ele estaria dando um passo em independência de Deus. Note como Satanás é sutil: ele disse ao Senhor para fazer a pedra em pão; ele não foi tão longe a ponto de dizer a Ele para comer o pão! Ele sabia, por sua experiência com o comportamento humano, que não levaria muito tempo para um homem faminto, que via comida à sua frente, alcançá-la e comê-la. Mas Satanás foi derrotado nessa tática pela do Senhor em Deus (Sl 16:1) e pela obediência do Senhor à Palavra de Deus (Sl 17:4).
O diabo tem usado essa tática em homens e mulheres desde o começo dos tempos. Mostra-nos quão sutil ele é (2 Co 11:3) e também quão enganoso é o coração humano (Jr 17:9). Por isso, Tiago está nos ensinando que podemos vencer essas tentações de pecar tendo na bondade de Deus – e isso será evidente quando esperamos n’Ele para suprir nossas necessidades.
V. 18 – Tiago fala então da grande soberania de Deus. “Segundo a Sua vontade, Ele nos gerou pela Palavra da verdade” Isso está se referindo ao nosso novo nascimento (Jo 3:3-5; 1 Pe 1:23). Ele não foi forçado a fazer este grande ato de bondade e misericórdia – Ele fez isso “Segundo a Sua vontade” e pela bondade de Seu coração. No princípio Ele deu início à nossa vida espiritual, e ao fazer isso, Ele assumiu a responsabilidade de cuidar de nós e nos sustentar no caminho de fé. Se, de fato, somos Seus filhos, por que pensaríamos que Ele não Se importaria conosco e que temos que pecar para sustentar nossas necessidades práticas? Além disso, os Cristãos são as “primícias das Suas criaturas”. Assim nos foi dado um lugar único e muito favorecido entre todas as criaturas de Deus. Sendo tão favorecidos como somos, é ainda mais absurdo pensar que Ele não nos proverá (Is 49:15).
Portanto, como há uma maneira correta e errada de reagir às tentações (provações) externas, também existe um modo correto e errado de reagir às tentações internas. Quanto a estas últimas, podemos nos permitir ser “atraídos” em nossas concupiscências e sermos “enganados” – mas só trará “morte” moral. Ou podemos esperar com fé no Pai das Luzes para suprir nossas necessidades em Seu bom momento.
Como uma pessoa responde nestas situações na vida, dará uma indicação do estado espiritual de sua alma. Se uma pessoa não confia em Deus e não se julga, mas habitualmente sucumbe às concupiscências e pecados como um modo de vida, isso põe em dúvida se ela afinal tem alguma fé. A falsidade da fé professada de uma pessoa é assim exposta. Um crente pode pecar e falhar em sua vida, mas ele se arrependerá e julgará a si mesmo, e se levantará e seguirá no caminho de fé (Pv 24:16). Cair não faz da pessoa um fracasso na vida; ficar caída faz. Cair não significa que uma pessoa não seja salva, mas ficar caída questiona se ela realmente é salva. Uma pessoa que não é realmente crente no Senhor Jesus Cristo permanecerá em seus pecados como um curso habitual de vida, e com isso ela mostrará que sua profissão de fé não é real.

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O ponto que Tiago está fazendo nesta primeira seção de versículos é que as tentações – sejam elas externas ou internas – manifestam o estado de alma da pessoa. Assim, as provações e tentações da vida são realmente oportunidades para manifestar nossa fé e mostrar que somos verdadeiros crentes.

FÉ PROVADA POR COMO RECEBEMOS A PALAVRA DE DEUS - Capítulo 1:19-27

O próximo assunto que Tiago aborda é como tratamos a Palavra de Deus – as Escrituras. Tendo mencionado “a Palavra da verdade” pela qual nascemos de novo (v. 18), ele continua falando sobre o lugar que ela deveria ter em nossas vidas. Nesta próxima série de versículos, Tiago mostra que a maneira pela qual uma pessoa lida com a Palavra de Deus manifestará se ela tem fé real ou não.
Os judeus convertidos a quem Tiago estava escrevendo tinham se identificado com a companhia Cristã e estavam frequentando as reuniões em que a Palavra de Deus era ministrada (At 2:42). No entanto, não demorou muito para que alguns deles dessem indicações de que talvez não fossem verdadeiros crentes (Gl 2:4; Tt 1:10-16). Assim, ficou evidente que havia uma multidão mista entre eles. Sabendo disso, Tiago nos ensina que a maneira como uma pessoa recebe e responde à Palavra de Deus manifestará a realidade de sua profissão. Aqueles que não são reais mostrarão que habitualmente são “somente ouvintes”. Eles ouvirão a Palavra sendo ministrada, mas isso não terá nenhum efeito prático em suas vidas. Por outro lado, uma pessoa com verdadeira fé em Cristo se mostrará um crente genuíno por ser um “praticante da Palavra” (ARA). Portanto, Tiago se concentra em duas coisas nesta passagem:
  • Ser receptivo à Palavra de Deus (vs. 19-21).
  • Ser responsivo à Palavra de Deus (vs. 22-27).


Recebendo a Palavra de Deus

Vs. 19-21 – Como já foi dito, Tiago aborda certos comportamentos que eram peculiares à mentalidade judaica e ao modo de vida que tendiam a transportar para o Cristianismo. Estas eram “faixas” que precisavam ser tiradas desses novos convertidos. Uma coisa, em conexão com a Palavra de Deus, era o amor deles de se sentarem na sinagoga aos sábados e discutir e disputar as coisas que eram lidas nas Escrituras (At 17:2-3, 17, 18:4, 28:19). Eles se imaginavam mestres (doutores) e críticos da verdade (Rm 2:19-20; 1 Tm 1:7) e amavam debater suas opiniões. Embora isso possa ter sido tolerado nas sinagogas no judaísmo, é algo que não tem lugar no Cristianismo (2 Tm 2:14). Deus quer que os Cristãos se reúnam para ouvir a Palavra de Deus lida e exposta (1 Tm 4:13), mas tais ocasiões não devem se deteriorar ao simples debate das opiniões de alguém (2 Tm 2:14).
Tiago começa afirmando a postura correta e apropriada que devemos ter na presença da Palavra de Deus. Ele diz: “Sabeis isto, meus amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus”. Essas breves, mas objetivas exortações mostram que deve haver reverência para com a Palavra de Deus quando é aberta e lida, e deve resultar em controle próprio por parte do ouvinte (Sl 119:161).
Em primeiro lugar, precisamos estar “prontos para ouvir”. Isso se refere a uma prontidão mental para ouvir e receber a verdade da Palavra de Deus. Devemos estar ansiosos para aproveitar todas as oportunidades para aprendê-la. A pessoa que tem um espírito ensinável – que toma o assento de um aluno humilde e ouvir atentamente quando a Palavra de Deus é ministrada – certamente irá aproveitar a ocasião (Dt 33:3; Lc 8:35, 10:39).
Em segundo lugar, devemos ser “tardios para falar”. Essa é uma referência em relação a fazer observações sobre as Escrituras. Sabemos em parte e, na melhor das hipóteses, só podemos profetizar em parte (1 Co 13:9). Assumir ser uma autoridade na verdade de Deus é pensar de nós mesmos mais do que deveríamos (Rm 12:3). Isso manifesta uma ignorância da grandeza da Palavra de Deus (Sl 138:2). Tiago, portanto, insiste em uma restrição sendo feita no desejo de projetar nossos pensamentos sobre as Escrituras. No capítulo 3:1, ele adverte contra querer ter o papel de mestre e comunicador do conhecimento divino, porque todos esses são mantidos em um padrão maior de responsabilidade. A pessoa que está constantemente transmitindo suas opiniões e pontos de vista não está em posição de receber a verdade e crescer em seu entendimento da revelação divina. Portanto, os comentários sobre as Escrituras devem ser feitos com cautela e uma percepção consciente de que é a Palavra santa e infalível de Deus que estamos comentando.
Em terceiro lugar, devemos ser “tardios para se irar”. É triste dizer que discussões carnais sobre a verdade da Palavra de Deus às vezes podem resultar em ardor e ira. Com demasiada frequência era assim dos judeus em suas sinagogas. Tiago, portanto, insiste na restrição de tais paixões ardentes. Tentar impor nosso ponto de vista levantando nossa voz e argumentando nunca favorecerá o avanço da declaração da verdade, porque, como diz Tiago, “a ira do homem não opera a justiça de Deus”. Deus não se identificará com tais ações carnais. A verdade de Deus deve ser comunicada e recebida em um ambiente de quietude e paz (Dt 33:3; Ec 9:17; Lc 8:35, 10:39).
V. 21 – Tiago prossegue, mostrando que, ao receber a Palavra de Deus, não deveria haver apenas controle próprio, mas também julgamento próprio. Se esperamos nos beneficiar com a leitura da Palavra de Deus, é imperativo que deixemos de lado toda a “imundícia” e o “acúmulo de maldade” (ARA). Sem esse necessário julgamento do “eu”, “a Palavra enxertada [implantada – ARA] nunca se apropriará adequadamente de nossa almas fazendo-nos crescer. Se o solo de um jardim estiver cheio de ervas daninhas, as raízes de uma boa planta não se sustentarão e crescerão adequadamente. Um jardineiro sábio, portanto, prepara o solo arrancando ervas daninhas indesejadas que sufocam o crescimento de boas plantas. Da mesma forma, devemos preparar nossos corações para “receber” a Palavra, livrando-nos de tudo em nossa vida que seja inconsistente com a natureza santa de Deus (1 Pe 2:1-2). Isso é feito por meio do julgamento próprio (2 Co 7:1).
O espírito em que devemos receber a Palavra é o da “mansidão”. Isto indica uma reverência pela Palavra e por aqu’Ele que a deu para nós. Tiago chama isso de “palavra enxertada [implantada]” porque, se recebida corretamente, ela se enraizará em nós e se tornará parte integrante de nossas vidas. O apóstolo João fala disso, dizendo: “A Palavra de Deus permanece em vós” (1 Jo 2:14 – TB).
Tiago acrescenta: “a qual pode salvar as vossas almas”. Para aqueles que não foram salvos (os meros professos entre eles), a recepção da Palavra de Deus em fé resultaria em sua salvação eterna. Mas para aqueles que foram salvos, haveria um grande benefício prático em ter a Palavra implantada como parte integrante de sua vida Cristã. Se houver obediência aos princípios da Palavra de Deus, o crente pode ser salvo dos muitos perigos e armadilhas espirituais no caminho da fé (Sl 17:4).

Respondendo à Palavra de Deus

Vs. 22-25 – Tiago, portanto, continua falando sobre a importância de responder à Palavra com obediência prática. Ele nos exorta a não sermos apenas “ouvintes”, mas também “praticantes da Palavra”. Esdras é um bom exemplo disso. Diz que ele “tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir” (Ed 7:10). Este, então, é outro teste da realidade de alguém. Se ele tem fé, sendo um verdadeiro crente, será evidente pela obediência à Palavra. Um crente pode, às vezes, deixar de colocar a Palavra de Deus em prática em sua vida como deveria, mas ele é caracteristicamente um praticante da Palavra. Se, por outro lado, alguém negligencia habitualmente a prática dos princípios na Palavra, isso traz à questão se ele é realmente um crente. Isso pode muito bem significar que ele não é salvo.
É-nos dito em Hebreus 6:4-5 que é possível que um incrédulo vir entre os Cristãos onde a Palavra de Deus é ministrada, e assim prove “a boa Palavra de Deus” e participe do que “o Espírito Santo” está fazendo lá de uma maneira exterior – e ainda permanecer não salvo. Tais pessoas seriam “somente ouvintes” em seu sentido primário; a Palavra nunca foi recebida em fé. No entanto, circular na verdade sem ser um cumpridor dela é algo perigoso; pode levar ao engano próprio. Tiago acrescenta: “Enganando-vos a vós mesmos” (ARA). Muitas pessoas ficaram espiritualmente cegas de alguma forma por causa de sua relutância em obedecer à Escritura depois que as ouviu. Tiago diz que esse é como uma pessoa que olha para um “espelho” e depois se afasta e esquece o que viu – portanto, não produz nenhum efeito nele. Nota: Enganamos a nós mesmos e não os outros ao nosso redor. As pessoas que nos conhecem geralmente não são enganadas por nossa hipocrisia.
Essa fachada vazia de ser “ouvinte da Palavra, e não cumpridor” teve uma história entre os judeus. Aqueles nos dias de Ezequiel são um exemplo. O Senhor disse a ele que o povo viria e se sentaria diante dele como o povo de Deus deveria fazer na presença de um profeta de Deus, mas eles não fariam o que ele dizia. “Eles vêm ter contigo como se ajunta o povo, e se assentam diante de ti como o Meu povo, e ouvem as tuas palavras, porém não as põem por obra; pois com a sua boca professam muito amor, mas o seu coração segue a sua ganância. Eis que tu és para eles como uma canção mui linda do que tem uma voz agradável; porque eles ouvem as tuas palavras, porém não as põem por obra” (Ez 33:31-32). Os fariseus, no tempo em que o Senhor estava na Terra, eram os descendentes espirituais dos que estavam na época de Ezequiel. O Senhor disse a respeito deles: “Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam” (Mt 23:3). Este problema não é algo exclusivo para os judeus, todos sabemos como é fácil ler a Bíblia sem sermos afetados pelo que lemos. Todos precisamos ser exercitados sobre isso.
V. 25 – Tiago afirma que ser cumpridor da Palavra não deve ser um fardo para o crente, porque ser solicitado a fazer algo que você quer fazer não é um fardo; é um gozo. Isso é o que Tiago chama de “a lei perfeita – a lei da liberdade” (TB). Ela é mencionada em contraste com a lei de Moisés. A lei mosaica está ocupada em restringir os impulsos da velha natureza. Ela está cheia da frase negativa frequentemente repetida: “Não .... Tentar executar todas essas injunções era um fardo para todos os que estavam sob essa obrigação (Mt 11:28; At 15:10). A lei da liberdade, por outro lado, concentra-se em encorajar e dirigir a nova natureza em coisas positivas que a nova vida tem prazer em fazer. É marcada por frases como “Cheguemo-nos ..., andemos ..., sigamos ..., rejeitemos ..., etc. Fazer estas coisas não é um fardo para a nova natureza, porque ela se deleita em fazer a vontade de Deus, indicada em Sua Palavra (Sl 40:8). Da mesma forma, pedir a um cavalo que coma feno é, para um cavalo, perfeita liberdade – é exatamente o que ele quer fazer! No entanto, pedir a um cachorro para comer feno é outra coisa – é pura coerção para ele. Por isso, o homem que anda no Espírito gosta de fazer a vontade de Deus; não é um fardo para ele. A perfeita lei da liberdade, portanto, é quando os mandamentos do Senhor e os desejos do crente estão em harmonia.
Para encorajar a prática da Palavra de Deus, Tiago lembra sua audiência da recompensa presente por seus praticantes. Ele diz: “esse tal será bem-aventurado no seu feito”. O significado da palavra “abençoado” é feliz. Assim, a pessoa que anda na verdade será feliz em sua alma, porque há um gozo em obedecer a Palavra de Deus que é conhecido apenas por aqueles que a fazem. Isso é ilustrado no primeiro milagre que o Senhor Jesus fez quando transformou a água em vinho (Jo 2). Beber “água”, na Escritura, refere-se ao refresco da Palavra de Deus. “Vinho”, na Escritura, fala frequentemente dos gozos da vida Cristã. Ao realizar o milagre, perguntamos: “Quando a água se transformou em vinho?” Não foi quando os servos despejaram a água nos vasos, mas quando pegaram os vasos e os levaram para o governador. Em algum lugar ao longo do caminho, enquanto caminhavam com a água, ela se transformou em vinho. Da mesma forma, quando carregamos a Palavra de Deus em nossa caminhada diária, isso se torna um gozo para nós.