Uso da Língua com Sabedoria

Vs. 13-18 – Havendo discorrido sobre as más possibilidades da língua, Tiago se volta para falar da responsabilidade do Cristão de “mostrar” o fato de que ele é “sábio” por “bom trato [modo de vida – JND] e com a “mansidão da sabedoria” (v. 13). A mansidão tem a ver com o cuidado de não ofender os outros em nossas interações com eles – especialmente com a nossa língua. Se não manifestarmos uma restrição nesta área de nossas vidas, mas formos habitualmente preenchidos com “amarga inveja, e sentimento faccioso [contendas – JND], isso colocará em questão nossa profissão de fé. Tiago adverte: “não vos glorieis, nem mintais contra a verdade” (v. 14). Isto é, não se gabe de ser um Cristão quando sua vida comprova contínuas evidências do contrário.
Professar ser um Cristão enquanto viver contrariamente não é “a sabedoria que vem do alto”. É puramente “terrena, animal [natural – JND] e diabólica” (v. 15). O homem do mundo é governado pelos princípios do mundo, da carne e do diabo. Toda essa mentalidade terrena deixará sua marca de “confusão e toda obra má” no que quer que toque (v. 16).
Por outro lado, a verdadeira sabedoria celestial (“do alto”) se evidenciará em resultados morais e na prática da vida Cristã. Tiago nos dá sete características proeminentes da sabedoria celestial:
  • “Pura” – Pureza de coração que resulta em comunhão com Deus.
  • “Pacífica” – Tranquilidade da alma e da mente que resulta em ser agradável com os outros.
  • “Moderada [gentil – JND] – suavidade.
  • “Tratável [fácil de se reconciliar – TB] – Não teimoso ou voluntarioso.
  • “Cheia de misericórdia e bons frutos” – Atos de bondade para com os outros.
  • “Sem parcialidade [inquestionável – JND] – Disposição para receber mais luz sobre assuntos sem debater.
  • “Sem hipocrisia [não fingida – JND] – Nenhuma pretensão ou falsidade, sem segundas intenções.

 Vemos disso que a verdadeira sabedoria não é medida pelas palavras de uma pessoa ou por sua profundidade de conhecimento bíblico, mas por sua maneira de viver. O conhecimento das Escrituras não controla a língua; isso só é alcançado por uma vida vivida na presença de Deus e fluindo dessa comunhão com Ele.
V. 18 – A sabedoria celestial será vista nos resultados que ela produz; isso manterá uma unidade tranquila entre os irmãos. Em vez de a comunidade dos santos ser derrubada por línguas desenfreadas, “o fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz” (AIBB). Se semearmos “a semente da justiça” em paz, isso produzirá uma colheita de justiça e fará paz entre os irmãos. A sabedoria terrena, natural e diabólica (falsa) apenas alimenta o fogo da contenda e da confusão. Às vezes, podemos ter que dizer algo fielmente a alguém (Pv 27:6), mas deve ser “semeado em paz”. Alguém disse que “tato é saber como fazer um ponto sem fazer um inimigo”. Esse tipo de sabedoria celestial vem de uma alma estando em comunhão com Deus; busca a paz por meio da “justiça”, não pelo comprometimento.
Assim, a chave para a fala correta é estar em um estado correto de alma por meio da comunhão com Deus. Se nossas palavras fossem pesadas na presença do Senhor antes de serem proferidas, seríamos guardados de dizer muitas coisas prejudiciais. Nisto, “todos nós frequentemente ofendemos” (v. 2 – JND). Talvez, se nos submetêssemos ao seguinte teste, poderíamos ser libertos de palavras indelicadas e destrutivas sendo ditas:
  • É verdade?
  • É gentil?
  • É necessário?

Em última análise, a língua é um indicador para o estado da alma de uma pessoa. Pode provar que uma pessoa que professa fé não seja verdadeira. Se alguém realmente tem fé, isso será mostrado em sua vida. No entanto, se houver habitual amargura, inveja, discórdia, discurso indelicado e vingativo, pode ser um sinal de que a pessoa não seja salva de forma alguma. Assim, o uso correto ou indevido da língua é, nesse sentido, um teste da fé de uma pessoa.