sexta-feira, 17 de maio de 2019

Recebendo a Palavra de Deus


Recebendo a Palavra de Deus

Vs. 19-21 – Como já foi dito, Tiago aborda certos comportamentos que eram peculiares à mentalidade judaica e ao modo de vida que tendiam a transportar para o Cristianismo. Estas eram “faixas” que precisavam ser tiradas desses novos convertidos. Uma coisa, em conexão com a Palavra de Deus, era o amor deles de se sentarem na sinagoga aos sábados e discutir e disputar as coisas que eram lidas nas Escrituras (At 17:2-3, 17, 18:4, 28:19). Eles se imaginavam mestres (doutores) e críticos da verdade (Rm 2:19-20; 1 Tm 1:7) e amavam debater suas opiniões. Embora isso possa ter sido tolerado nas sinagogas no judaísmo, é algo que não tem lugar no Cristianismo (2 Tm 2:14). Deus quer que os Cristãos se reúnam para ouvir a Palavra de Deus lida e exposta (1 Tm 4:13), mas tais ocasiões não devem se deteriorar ao simples debate das opiniões de alguém (2 Tm 2:14).
Tiago começa afirmando a postura correta e apropriada que devemos ter na presença da Palavra de Deus. Ele diz: “Sabeis isto, meus amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus”. Essas breves, mas objetivas exortações mostram que deve haver reverência para com a Palavra de Deus quando é aberta e lida, e deve resultar em controle próprio por parte do ouvinte (Sl 119:161).
Em primeiro lugar, precisamos estar “prontos para ouvir”. Isso se refere a uma prontidão mental para ouvir e receber a verdade da Palavra de Deus. Devemos estar ansiosos para aproveitar todas as oportunidades para aprendê-la. A pessoa que tem um espírito ensinável – que toma o assento de um aluno humilde e ouvir atentamente quando a Palavra de Deus é ministrada – certamente irá aproveitar a ocasião (Dt 33:3; Lc 8:35, 10:39).
Em segundo lugar, devemos ser “tardios para falar”. Essa é uma referência em relação a fazer observações sobre as Escrituras. Sabemos em parte e, na melhor das hipóteses, só podemos profetizar em parte (1 Co 13:9). Assumir ser uma autoridade na verdade de Deus é pensar de nós mesmos mais do que deveríamos (Rm 12:3). Isso manifesta uma ignorância da grandeza da Palavra de Deus (Sl 138:2). Tiago, portanto, insiste em uma restrição sendo feita no desejo de projetar nossos pensamentos sobre as Escrituras. No capítulo 3:1, ele adverte contra querer ter o papel de mestre e comunicador do conhecimento divino, porque todos esses são mantidos em um padrão maior de responsabilidade. A pessoa que está constantemente transmitindo suas opiniões e pontos de vista não está em posição de receber a verdade e crescer em seu entendimento da revelação divina. Portanto, os comentários sobre as Escrituras devem ser feitos com cautela e uma percepção consciente de que é a Palavra santa e infalível de Deus que estamos comentando.
Em terceiro lugar, devemos ser “tardios para se irar”. É triste dizer que discussões carnais sobre a verdade da Palavra de Deus às vezes podem resultar em ardor e ira. Com demasiada frequência era assim dos judeus em suas sinagogas. Tiago, portanto, insiste na restrição de tais paixões ardentes. Tentar impor nosso ponto de vista levantando nossa voz e argumentando nunca favorecerá o avanço da declaração da verdade, porque, como diz Tiago, “a ira do homem não opera a justiça de Deus”. Deus não se identificará com tais ações carnais. A verdade de Deus deve ser comunicada e recebida em um ambiente de quietude e paz (Dt 33:3; Ec 9:17; Lc 8:35, 10:39).
V. 21 – Tiago prossegue, mostrando que, ao receber a Palavra de Deus, não deveria haver apenas controle próprio, mas também julgamento próprio. Se esperamos nos beneficiar com a leitura da Palavra de Deus, é imperativo que deixemos de lado toda a “imundícia” e o “acúmulo de maldade” (ARA). Sem esse necessário julgamento do “eu”, “a Palavra enxertada [implantada – ARA] nunca se apropriará adequadamente de nossa almas fazendo-nos crescer. Se o solo de um jardim estiver cheio de ervas daninhas, as raízes de uma boa planta não se sustentarão e crescerão adequadamente. Um jardineiro sábio, portanto, prepara o solo arrancando ervas daninhas indesejadas que sufocam o crescimento de boas plantas. Da mesma forma, devemos preparar nossos corações para “receber” a Palavra, livrando-nos de tudo em nossa vida que seja inconsistente com a natureza santa de Deus (1 Pe 2:1-2). Isso é feito por meio do julgamento próprio (2 Co 7:1).
O espírito em que devemos receber a Palavra é o da “mansidão”. Isto indica uma reverência pela Palavra e por aqu’Ele que a deu para nós. Tiago chama isso de “palavra enxertada [implantada]” porque, se recebida corretamente, ela se enraizará em nós e se tornará parte integrante de nossas vidas. O apóstolo João fala disso, dizendo: “A Palavra de Deus permanece em vós” (1 Jo 2:14 – TB).
Tiago acrescenta: “a qual pode salvar as vossas almas”. Para aqueles que não foram salvos (os meros professos entre eles), a recepção da Palavra de Deus em fé resultaria em sua salvação eterna. Mas para aqueles que foram salvos, haveria um grande benefício prático em ter a Palavra implantada como parte integrante de sua vida Cristã. Se houver obediência aos princípios da Palavra de Deus, o crente pode ser salvo dos muitos perigos e armadilhas espirituais no caminho da fé (Sl 17:4).

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